Instituições de longa permanência podem elevar bem-estar de idosos

Exercícios físicos ajudam na prevenção de transtornos mentais e promovem independência na terceira idade.


29 de janeiro de 2020 - , , ,


* Anna Carolina Barbosa

Atividades físicas, como dança e caminhada, devem ser estimuladas para prevenir adoecimento mental. Foto: tirachardz/Freepik.

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2043 um quarto da população brasileira deverá ter mais de 60 anos. Ponto delicado, as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) – conhecidas popularmente como asilos -, ainda são ambientes estigmatizados, mas cumprem um papel importante no bem-estar de idosos de baixa renda ou com baixo suporte familiar.

Em Belo Horizonte existem 24 ILPI, que acolhem idosos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos e com diferentes graus de dependência. Dessas, 13 são de atendimento exclusivo para mulheres e 11 são mistas. De acordo com a Prefeitura, as instituições recebem pessoas que não possuem condições para permanecer com a família, com vivência de situações de violência, falta de cuidado, abandono ou vínculos familiares fragilizados ou rompidos.

O Lar Frei Zacarias, localizado na região noroeste da capital mineira, é uma das instituições que oferece atendimento exclusivo para mulheres, com faixa etária entre 61 a 91 anos. “Nós realizamos algumas atividades na casa, as idosas gostam muito, ficam sempre alegres e animadas. É muito bom ver que elas gostam disso, faz muito bem para elas”, comenta a assistente social do Lar, Maísa Freitas. A instituição, que foi fundada em 1979, oferece atividades como missas, refeições, exercícios físicos e passeios.

 A lei n° 10.741, conhecida como Estatuto do Idoso, estabelece que o amparo ao idoso é dever da família, da sociedade e do estado.

Bem-estar no envelhecimento

“Ações de proteção, a promoção de autonomia, da privacidade, estímulos sociais podem auxiliar para prevenir a presença de depressão. Essas ações podem incluir desde psicoterapia para sintomas depressivos, passando por dança, exercício físico e saídas para os recursos na comunidade”, explica o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Bernardo Viana.

Nesse sentido, há mais de 20 anos, o poder municipal de Belo Horizonte desenvolve o programa Vida Ativa, que atende pessoas com mais de 50 anos, com o objetivo de estimular a prática de exercícios corporais e colaborar com a promoção da saúde, da autonomia e da integração social dos participantes. Cinco das ILPI são atendidas, com realização semanal de atividades físicas e recreativas.

Na Instituição Lar Frei Zacarias, o projeto Vida Ativa acontece toda terça-feira, de 8h às 9h30 da manhã, no refeitório da casa ou no jardim, sendo acompanhado por psicóloga. “Há um profissional que realiza as atividades com as idosas, como dançar e cantar. Elas gostam muito, inclusive tem uma idosa que só participa dessa atividade na casa’’, comenta Maísa Freitas.

Parceiro do programa Vida Ativa, o Centro de Referência da Pessoa Idosa (CRPI) oferece serviços de saúde, educação, esporte e cultura para idosos da capital. Em 2009 foi criado um espaço para o CRPI, com quadra coberta para atividades esportivas e eventos, área externa e salas de multiuso, onde ocorre parte das atividades do programa.

Mais movimento, menos dependência

Para entrar em uma ILPI, o idoso passa primeiro por atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), onde os casos são analisados individualmente. Atualmente, mais de 800 idosos com diferentes graus de dependência são atendidos, recebendo moradia, alimentação e cuidado básicos. Cada instituição conta com psicólogo e assistente social, além da equipe de limpeza, cozinha e cuidadores.

“O baixo suporte sócio familiar e, especialmente, a perda súbita de suporte têm importantes impactos na saúde mental de idosos, sendo fator de risco para a depressão”, explica Bernardo. “Quadros de depressão grave com sintomas psicóticos, demências em fase moderada ou avançada, esquizofrenia e outros transtornos mentais graves podem causar graus de dependência maiores”, analisa Bernardo. A determinação do grau de dependência é importante, já que vai guiar não só o tratamento, mas também o financiamento público. As ILPI também recebem doações da população, hospitais e ONGS.

Graus de dependência

Grau I
: idosos independentes, mesmo os que necessitam de equipamento de autoajuda.
Grau II: idosos com dependência em até três atividades referente a vida diária, tais como: alimentação, mobilidade e higiene.
Grau III: idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para vida diária e/ou com comprometimentos mentais.

Serviço

Onde procurar o CRAS?
Encontre o CRAS mais próximo pelo site da Prefeitura.

Como participar do Vida Ativa?
Requisitos: ter 50 anos, apresentar documentos pessoais e atestado médico de aptidão para atividades físicas. 
Contato:  vidaativa@pbh.gov.br

Centro de Referência da Pessoa Idosa
Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Endereço: Rua Perdizes, 339 Caiçara (Próximo a Av. Pedro II)
Telefone: (31) 3277-7164
Email: crpi@pbh.gov.br


* Estagiária de Jornalismo
Edição: Vitor Maia