Internacionalizar o conhecimento traz benefícios para estrangeiros e nativos


22 de outubro de 2018


Além de tornar o conhecimento cada vez mais global, ações como intercâmbios e cooperações entre países podem influenciar na melhoria dos serviços de saúde. A internacionalização do conhecimento em saúde é tema do programa de rádio

Com o fenômeno da globalização, é natural que a internacionalização tenha grande impacto nas universidades e, consequentemente, na disseminação do conhecimento. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, foi citada recentemente na revista científica Nature, como polo que rompe as barreias da inovação. No caso da Faculdade de Medicina da UFMG, essa validação internacional da produção científica acontece através de intercâmbio com os Estados Unidos, Portugal e Ucrânia, além de cooperações científicas na pós-graduação e ações de solidariedade.

Foto: Carol Morena

O coordenador do Centro de Relações Internacionais da Instituição e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Ulysses Panisset, afirma que a internacionalização é especialmente importante nas universidades para tornar o conhecimento cada vez mais global. “Nós nos valemos da produção científica de qualidade e com impacto global, que pode ser reproduzida em vários lugares do mundo”, afirma.

Além da troca profunda de conhecimento científico e de experiência de vida, o professor lembra que há a contribuição em “ajudar no avanço de pesquisas, que vão ter impacto positivo na sociedade brasileira”, incluindo a adaptação de tratamentos ou no próprio atendimento clínico, por exemplo. “A medicina baseada em evidência se vale de uma série de pesquisas de ponta, tanto para equipamentos e medicamentos quanto para clínica, patologia, cirurgia, etc.”, explica.

Para o professor, em uma atividade de cooperação internacional bem sucedida, os benefícios são mútuos e continuam em longo prazo, gerando novos contatos e novas relações. “Isso tem um impacto muito grande e positivo, por abrir os horizontes e permitir analisar soluções diferentes para culturas diferentes. Mas, também, de nos inspirar para que continuemos inovando” revela o professor.

Como exemplo de ações de internacionalização da Faculdade de Medicina da UFMG, Panisset cita a Missão Moçambique, que aconteceu em agosto deste ano. Segundo o professor, como resultados imediatos e bem-sucedidos, houve a capacitação de mais de trezentos médicos do país, que resultarão em um melhor atendimento aos seus recém-nascidos.

Missão Moçambique

Com o objetivo de capacitar profissionais para o melhor atendimento aos recém-nascidos, principalmente no tratamento das dificuldades de respirar, uma equipe de médicos e enfermeiros, coordenados pela professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria do Carmo Barros de Melo, foi a Moçambique ministrar cursos de capacitação.

O principal motivo para a escolha do local é que as taxas de mortalidade neonatal são, em média, de 30 em cada mil nascidos vivos, chegando a 62 em algumas províncias do país africano. Sendo que a maioria dos casos é decorrente da asfixia neonatal.

“O que aconteceu foi um repasse de tecnologia educacional, conteúdo teórico, equipamentos e a montagem dos cursos” conta a professora. “Nós temos que divulgar nossos conhecimentos. Lembrando que toda vez que se faz uma missão, você não só ensina, mas aprende. Fomos acolhidos com muita alegria e sede de conhecimento. É uma experiência que nunca vou esquecer”, continua.

Experiência internacional

Arthur Melgaço, estudante do 12º período do curso de Medicina da UFMG, realizou intercâmbio para o Centro Hospitalar de Entre D’ouro e Vouga, em Portugal, que faz parte do sistema único de saúde do país. Ele relata que, mesmo ao encontrar várias semelhanças com o Brasil, a abordagem de conteúdos e tecnologia foi muito rica. “Uma coisa que me marcou nesse estágio foi o emprego constante, às vezes até exagerado, de tecnologia para resolver situações que poderiam ser revolvidas com um exame clínico mais completo ou uma conversa mais próxima do paciente”, diz.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Carol Prado – estagiária de Jornalismo

Edição: Deborah Castro