Leite e alguns vegetais verdes não previnem anemia ferropriva

Programa de rádio apresenta diferentes tipos de anemia, desde os que ocorrem por motivos nutricionais até os ligados a doenças crônicas ou genéticas.


30 de janeiro de 2015


Programa de rádio apresenta diferentes tipos de anemia, desde os que ocorrem por motivos nutricionais até os ligados a doenças crônicas ou genéticas

saudecomcienciaPalidez, cansaço e perversão do apetite: esses são alguns dos sintomas da anemia ferropriva, que ocorre pela carência do ferro, prejudicando o transporte de oxigênio no organismo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), ela atinge cerca de 30% da população – é o tipo de anemia mais comum no mundo. “Essa perversão do apetite é um sinal muito sugestivo. As pessoas podem ter, por exemplo, vontade de comer terra ou chupar gelo”, afirma a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Rachel Fernandes.

De acordo com Rachel, o consumo de alimentos ricos em ferro nem sempre previne a anemia ferropriva. “Temos que desmistificar os vegetais verdes-escuros. Eles são muito ricos em ferro, mas têm muita fibra, que ‘gruda’ no nutriente. Ela não é absorvida por nosso intestino e, consequentemente, o ferro também não”, exemplifica.

Nutrição variada, que inclua vegetais folhosos e crus, é meio de prevenir anemia. Crédito: querosaude.com.br

Nutrição variada, que inclua vegetais folhosos e crus, é meio de prevenir anemia. Crédito: querosaude.com.br

O leite, principal fonte nutricional nos primeiros anos de vida, também não é suficiente para suprir a necessidade de ferro de um bebê durante seu desenvolvimento. Em média, uma criança nasce com 3kg e no final do primeiro ano de vida chega aos 10kg. Com o crescimento, ela também produz mais células sanguíneas, precisando de mais ferro no organismo. “A principal fonte é a carne vermelha, e um bebê não come carne. Então é muito importante que ele seja amamentado até pelo menos os seis meses de vida, mas, a partir daí, não de forma exclusiva”, ressalta.

Sendo assim, é preciso inserir novas fontes de nutrientes à alimentação, como as chamadas papinhas e as fórmulas lácteas enriquecidas com ferro. A professora ainda explica que bebês prematuros têm mais riscos de apresentar anemia. “As crianças nascem com um estoque de ferro, feito no último trimestre da gestação. O nascimento prematuro impede que o bebê consiga desenvolvê-lo”.

E em relação à alimentação dos adolescentes de hoje, Rachel revela que, em geral, ela não fornece a quantidade necessária de ferro para um crescimento saudável. Além de trazerem prejuízos, como anemia, obesidade e colesterol alto, alguns alimentos prejudicam a absorção do nutriente pelo organismo, caso dos refrigerantes, chocolates e do próprio leite. Neste, o ferro e o cálcio presentes na bebida competem pelo mesmo sítio de absorção no corpo. “Mas então quando a mãe deu ao bebê o leite enriquecido ele não funcionava? Funcionava, só que o ferro desse leite é diferente”, esclarece.

Além das crianças e adolescentes em fase de crescimento, mulheres em idade fértil, idosos e indivíduos que passaram por cirurgia de redução do estômago, também correspondem a grupos de risco. O tratamento do problema acontece pela reposição do ferro de forma medicamentosa, melhora da dieta ou tratamento das causas dessa perda, como uma parasitose. Se houver intolerância ao ferro oral ou o paciente estiver perdendo mais do que é possível repor através do sulfato ferroso, a opção é a injeção de ferro.

Para saber mais sobre esse e outros tipos de anemia, como a relacionada a doenças crônicas ou ao câncer, acompanhe a nova edição do Saúde com Ciência.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência, que apresenta a série Anemia: principais tipos entre os dias 02 e 06 de fevereiro de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 93 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.