Mais cuidado para as mulheres em todas as idades? Entenda o que pode mudar com o projeto de lei n°6554

O câncer de pele é o mais comum na população geral. Mas especificamente em mulheres é o de mama a principal recorrência e causa de morte por cânceres. No ano de 2020 foram 66.280 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), e aproximadamente 18 mil mortes. Em seguida, há os cânceres de colo e reto e o do colo do útero como mais frequentes entre as brasileiras. Com o objetivo de reduzir o número de óbitos por essas neoplasias, um projeto de lei aprovado pelo Senado neste ano busca ampliar o atendimento da atenção integral à mulher pelo SUS, principalmente em relação à prevenção e o tratamento desses cânceres.

O Projeto PL 6.554/2019, que agora aguarda a sansão do presidente, prevê a inclusão das ações de prevenção, detecção e tratamento pela rede pública de saúde para o câncer de colorretal, além dos de colo uterino e de mama já asseguradas na Lei 11.664. Além disso, exclui o fator idade para a realização da mamografia, até então ofertada para mulheres a partir dos 40 anos, e inclui os exames de papanicolau e colonoscopia para todas as mulheres que já atingiram a puberdade.

“Como todo câncer, não só os das mulheres, a chance do sucesso do tratamento ou mesmo do prognóstico de sobreviver, é o diagnóstico precoce”, afirma o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Agnaldo Lopes da Silva Filho. Em continuidade ele ressalta a importância de ficar atenta ao corpo para perceber sinais como um nódulo na região dos seios, sangramento uterino após a menopausa ou alguma secreção e corrimento diferentes, orientando a procurar um ginecologista nesses casos.

E comenta que a mamografia é o exame padrão de rastreamento do câncer de mama em mulheres, mas que também é importante realizar o papanicolau, exame de rotina para rastreio do câncer de colo de útero, e o exame de rastreio do câncer de intestino. Além disso, o professor ressalta a importância da vacina contra o HPV, disponível no SUS para meninas e meninos, como principal prevenção ao câncer de colo de útero.

Esses cuidados de prevenção podem ser acessados por mulheres de todas as idades, a partir da puberdade, caso projeto de lei PL 6.554/2019 seja aprovado pela Presidência. Mas, a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Marília Faleiro, lembra que não é suficiente estar na legislação. É necessário garantir que as pacientes tenham acesso aos serviços de saúde. Isso porque já é garantido o cuidado à saúde da mulher de forma integral, com programas específicos para cada idade, para além do ciclo reprodutivo.

“As mulheres de todas as idades podem procura uma unidade básica de saúde próxima de onde reside. E a equipe da Atenção Primária, composta por diferentes profissionais, farão o atendimento, com os cuidados voltados às idades, podendo dar o encaminhamento para o atendimento de maior complexidade se for necessário”, pontua Faleiro.

Segundo a professora, para ter melhor custo-benefício, a mamografia é indicada para mulheres com idade entre 50 e 74 anos e realizada a cada dois anos. Isso quando não há queixa de dor ou um caroço, por exemplo. Ela acrescenta que se todas as mulheres fizessem esse exame desde os 20 anos, haveria muitos resultados falsos positivos, que indicam alguma alteração nas mamas sem que realmente haja, tendo que realizar a biópsia ou mesmo a retirada da mama. Por isso, ela alerta que “fazer mais exame não é sinônimo de ter mais saúde”.

Saiba mais sobre o que pode mudar na prática com a aprovação das mudanças na legislação e os cuidados em relação aso principais cânceres que acometem as mulheres: ouça o programa de rádio “Saúde integral da mulher no SUS”.

Saúde com Ciência

O “Saúde com Ciência”  é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.