Mosquito da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus
Nova série do Saúde com Ciência alerta para as principais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e destaca um método inovador na luta contra o mosquito
29 de janeiro de 2016
Nova série do Saúde com Ciência alerta para as principais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e destaca um método inovador na luta contra o mosquito
Em 2015, comprovou-se o momento crítico que o país atravessa no combate ao mosquito Aedes aegypti. Foram registrados mais de um milhão e meio de casos de dengue, com cerca de 850 mortes – um recorde negativo em relação à doença. Além disso, disparou o número de casos de febre chinkungunya, com 7 mil confirmações, e do zika vírus, notificado em 19 estados além do Distrito Federal.
As três infecções, transmitidas pelo mosquito, apresentam sintomas semelhantes, como febre, dores de cabeça, surgimento de manchas na pele e fraqueza muscular. Mas há diferenças importantes. “No caso da chikungunya, o que chama atenção é que as manifestações articulares são muito intensas. Há um comprometimento das articulações dos pés e das mãos, que pode perdurar por meses e até anos”, observa a infectologista e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Marise Fonseca.
Ela acrescenta que, assim como a dengue, não existe um antiviral específico para a doença. Logo, o tratamento é sintomático e consiste na hidratação, evitando o uso de anti-inflamatórios. Apesar das baixas taxas de mortalidade, os primeiros casos de óbito pela febre chikungunya foram divulgados no início do ano pelo Ministério da Saúde (MS). As vítimas tinham mais de 75 anos.
A situação do zika vírus também é grave. No último dia 25, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que existe a possibilidade de o vírus se espalhar por todo o continente americano. Suspeita-se que a infecção seja uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da microcefalia, que teve mais de 4 mil casos notificados nos últimos quatro meses, sendo 270 confirmados. Além da microcefalia, o zika está relacionado a problemas neurológicos, destacando a Síndrome de Guillain-Barré, e oftalmológicos. Estudo recente revelou que cerca de 40% dos recém-nascidos infectados pelo vírus apresentaram alguma alteração na região ocular.
O MS já desenvolveu um exame de sangue para determinar qual das três infecções acometeu o indivíduo. Segundo o também infectologista e professor da Faculdade, Unaí Tupinambás, o zika passa despercebido para a maioria das pessoas: “A grande maioria, até 80% das pessoas que contraem o vírus, não desenvolve a doença. Ela tem só a infecção, mas sem os sintomas”, afirma.
Inovação
Todo ano, são divulgadas campanhas de conscientização para a população ajudar no combate ao Aedes aegypti. Elas consistem, principalmente, na extinção dos possíveis criadouros para proliferação do mosquito, como caixas d’água destampadas ou vasos de plantas e pneus com água acumulada. Mas novas iniciativas de combate estão sendo desenvolvidas para melhorar esse quadro. Dentre elas, há um dispositivo que consiste no uso de pequenos “tijolinhos”, que ao serem combinados com água e a incidência do sol, produzem uma solução de óxido de ferro na forma de um mineral chamado hematita. A solução produzida cobre a superfície da água e impede a eclosão dos ovos do vetor, evitando a proliferação das larvas.
Coordenador do projeto, o professor do Departamento de Química da UFMG, Jadson Belchior, garante que o composto não oferece riscos à saúde humana: “Se você tem uma água limpa e coloca o ‘tijolinho’, ele vai liberar, na presença de luz, um composto que é tóxico para as larvas do mosquito. Porém, se você retirar o ‘tijolinho’ ou a luz, a água fica naturalmente no estado em que ela estava“. Ele ressalta que a vantagem do processo ocorrer na fase inicial do mosquito é que, ao atacar a larva, ele impede que o vetor se desenvolva e possa transmitir as doenças. A empresa que colaborou na realização da tecnologia afirma que já tem uma fábrica para a produção dos “tijolinhos”, aguardando apenas a liberação da Anvisa para iniciar a comercialização. A expectativa é que isso ocorra nos próximos três meses.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência apresenta a série “Aedes aegypti: Dengue, Chikungunya e Zika” entre os dias 1 e 5 de fevereiro de 2016. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
Ele também é veiculado em outras 174 emissoras de rádio, distribuídas em todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.