Puberdade precoce traz riscos para criança e deve ser tratada
Mesmo antes de largarem as bonecas e os carrinhos, algumas crianças, com menos de 8 anos passam a ter que conviver com mudanças no corpo que caracterizam a passagem da infância para a adolescência. Porém, alguns sinais podem ser indícios da puberdade precoce e merecem atenção especial.
Meninas têm de dez a 20 vezes mais chances de desenvolver o distúrbio do que os menino
Mesmo antes de largarem as bonecas e os carrinhos, algumas crianças, com menos de 8 anos passam a ter que conviver com mudanças no corpo que caracterizam a passagem da infância para a adolescência. Porém, alguns sinais que, para muitos pais, é motivo de “comemoração”, na verdade, podem ser indícios da puberdade precoce e merecem atenção especial.
Essas manifestações são os chamados caracteres sexuais – pêlos pubianos e axilares, aumento de oleosidade da pele e de acne, odor axilar e crescimento acelerado. Quando aparecem antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 nos meninos, eles devem ser investigados, conforme orienta a diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Amanda Athayde.
O alerta para a atenção redobrada por parte dos pais é porque, se não tratados, os sintomas podem gerar problemas futuros. “Crianças com puberdade precoce podem ficar com baixa altura e baixa auto-estima, maior tendência à obesidade quando adultos e aumento do risco de câncer de mama. Além disso, é importantíssimo ficarmos atentos para a questão de abuso sexual (pedofilia) e consequente gravidez indesejada”, afirma Érika Figueiredo, coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte.
Entretanto, as causas para o desencadeamento dos sinais – que, na verdade, devem aparecer nas meninas em torno dos 10 anos e, nos meninos, aos 11 anos – ainda não são bem-definidas. Recentemente, um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com a Universidade Harvard (EUA), feita com 15 famílias, sendo 12 do Brasil, mostrou que uma mutação herdada do pai está na origem de parte dos casos de puberdade precoce.
“No consultório, além da avaliação clínica, pedimos alguns exames laboratoriais hormonais e de imagem para verificar se a criança está mesmo em puberdade e se o distúrbio está ligado a alguma doença, como tumores cerebrais, que são mais comuns em meninos”, explica a professora do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ivani Novato.