Pandemia piorou indicadores de atividade física, obesidade e morbidade por doenças crônicas

Resultados de pesquisa da UFMG foram publicados na revista Ciência & Saúde Coletiva


09 de janeiro de 2024 - , , ,


Os brasileiros ainda vivenciam as consequências da redução da prática de atividade física ocorrida durante a pandemia
Os brasileiros ainda vivenciam as consequências da redução da prática de atividade física registrada durante a pandemiaFoto: Acácio Pinheiro | Agência Brasília

Estudo realizado por pesquisadores da UFMG, com aproximadamente 54 mil pessoas, concluiu que a pandemia de covid-19 deixou consequências como a redução da prevalência da prática de atividade física e a piora nos indicadores de excesso de peso, obesidade, diabetes e hipertensão no Brasil. Além disso, provocou redução das coberturas de exames preventivos de mamografia e citologia do colo de útero.

Essas conclusões constam de artigo publicado na mais recente edição da revista Ciência & Saúde Coletiva. Participaram do estudo adultos de 18 anos ou mais, residentes das capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. “É uma série histórica do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) que cobre o período de 2006 a 2021. A pesquisa mostrou que ações de promoção à saúde são prioritárias nesse contexto”, ressalta a professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da UFMG, primeira autora do estudo.

Influência do trabalho remoto
A prática de atividade física no tempo livre diminuiu de 39%, em 2019, para 36,7%, em 2021. Já a prevalência de atividade física no deslocamento passou de 14,2% para 10,4% no período. 

“Os níveis de deslocamento mantiveram-se baixos após a pandemia, possivelmente por persistirem os trabalhos a distância, em home office, mas também pelo aumento do desemprego”, observou Deborah Malta.

A prevalência de adultos com volume insuficiente de atividade física aumentou na população total de 44,8% para 48,2%. A inatividade absoluta subiu de 13,9% para 15,8%. “O distanciamento desencadeou a redução das interações sociais e fez com que a população aumentasse o tempo em frente às telas, já que o uso de aparelhos figura como uma opção de lazer e como alternativa de trabalho remoto. A redução da atividade física e o aumento de comportamentos sedentários afetam negativamente a qualidade de vida e a saúde, provocando efeitos prejudiciais à saúde cardiovascular e mental e aumentando as chances de mortes prematuras e evitáveis”, pontua a professora.

Em relação ao excesso de peso, o aumento foi de 55,4% para 57,2%. A obesidade, que acometia 20,3% dos entrevistados, em 2019, alcançou 22,4% no biênio 2021-2022. A prevalência autorreferida de hipertensão na população total passou de 24,5% para 26,3%, e a de diabetes subiu de 7,5% para 9,1%.

O estudo revelou, ainda, que houve retrocesso na realização de exames de detecção precoce de câncer em mulheres. 

As medidas de distanciamento social adotadas no enfrentamento à pandemia resultaram em aumento dos sentimentos de solidão, tristeza, estresse e ansiedade, piora no estilo de vida, crescimento do consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e de alimentos não saudáveis.

O artigo também é assinado pela residente pós-doutoral da Faculdade de Medicina da UFMG Crizian Saar Gomes, pelo mestrando Elton Junio Sady Prates e pela residente pós-doutoral Regina Tomie Ivata Bernal, ambos da Escola de Enfermagem.


Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem