Perda auditiva na terceira idade é um fator de risco para desenvolvimento de demências

De acordo com Thais Machado, professora da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência desta semana, perda auditiva pode contribuir para danos cognitivos


26 de setembro de 2022 - , , ,


*Eduarda Sperandio

A audição é um sentido muito importante para a vida humana, pois além de permitir que o indivíduo se proteja, ela proporciona maior interação social e entendimento do mundo. Por isso, é fundamental que esse sentido seja preservado ao longo de toda a vida, por meio de consultas com o especialista e os devidos cuidados preventivos.

Não obstante, mesmo que existam métodos de prevenção, como o uso de protetores auriculares e o controle de doenças crônicas, a perda auditiva é muito comum com a chegada da terceira idade. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas com deficiência auditiva são idosos.

Por isso, o Saúde com Ciência desta semana recebeu Thais Machado, professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, para falar sobre a saúde do idoso e a atuação da fonoaudiologia na terceira idade. Entre as diversas funções do profissional da área, estão os tratamentos de perda da audição para a prevenção da demência.

Demência é o declínio da capacidade cognitiva e acontece por diversos motivos, como infecções, falta de vitaminas, e até pelo envelhecimento natural do organismo. Os idosos apresentam maior suscetibilidade a desenvolverem a demência, uma vez que o cérebro já suportou processos degenerativos que prejudicaram a cognição.

Conforme a professora, a perda da audição está entre os fatores de risco mais ameaçadores para o desenvolvimento de demência em idosos. Isso porque a diminuição das ondas sonoras no cérebro interfere nas atividades cerebrais e, consequentemente, na capacidade cognitiva.

“Hoje a gente sabe que a perda auditiva é um fator de risco para o desenvolvimento de demências. Então, quanto antes nós compensarmos essa perda, com certeza estaremos agindo como um fator preventivo para diminuir o risco dessa pessoa vir a ter comprometimento da cognição”, explica Thais Machado.

Como reduzir os fatores de risco no avanço de demência?

Segundo Thais, os aparelhos auditivos contribuem muito na redução dos riscos de desenvolver demência ocasionada pela perda auditiva, uma vez que eles permitem ao paciente ouvir os sons com maior nitidez, e assim, possibilita que o cérebro se mantenha ativo.

“Se nós conseguimos minimizar essa perda auditiva, nós diminuímos o risco das demências em idosos. É um fator controlável”

A professora reforça ainda que uma vez introduzido o aparelho auditivo na vida cotidiana do paciente, a fonoaudiologia trabalha com a reabilitação para que o indivíduo se acostume novamente a ouvir as ondas sonoras.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana aborda a saúde do idoso e os tópicos que permeiam a temática, como hábitos saudáveis, importância de acompanhamento médico e estigmas.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

*Eduarda Sperandio – estagiária de jornalismo

Edição: Giovana Maldini