Poliomielite pode retornar ao Brasil se cobertura vacinal permanecer abaixo da média

Doença está erradicada no país desde 1994, mas volta a preocupar o Sistema Único de Saúde (SUS)


12 de dezembro de 2022 - , , ,


*Eduarda Sperandio

A volta da poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, preocupa o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Com a adesão à imunização diminuindo a cada ano, o risco de retorno da doença é alto, como afirma a convidada do Saúde com Ciência e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria Rodrigues. Isso porque, sem proteção contra o poliovírus, as crianças se encontram mais vulneráveis à contaminação.

“Nós temos observado que, cada vez mais, as coberturas vacinais têm diminuído. Nesta última campanha, houve apenas 75% de adesão das crianças de 1 a 5 anos, e isso é muito perigoso”, afirma Valéria. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, a vacina inativada contra a paralisia infantil vem sendo rejeitada desde 2012.

A poliomielite é uma doença contagiosa, causada por um vírus que infecta adultos e crianças. Ela pode causar a paralisia dos membros inferiores nos casos mais severos.

Histórico da vacinação contra a poliomielite

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o surgimento da vacina contra a poliomielite, os casos diminuíram cerca de 99%. Em 1994, o Brasil recebeu a certificação da Organização Pan-Americana da Saúde de área livre de circulação do poliovírus selvagem. Ou seja, através da vacinação em massa no país, a poliomielite está, atualmente, erradicada. Por isso, é necessário que sejam mantidos altos níveis de adesão vacinal.

“O Brasil era um exemplo na área da vacinação, tínhamos altas coberturas vacinais. Por isso, é importante que continuemos assim”, observa a professora.

No Brasil, existem duas vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde contra a paralisia infantil: a vacina inativada, que é injetável, e a vacina oral. O Programa Nacional de Imunizações recomenda que as vacinações sejam realizadas em crianças de 2 meses a 5 anos. Conforme o Calendário Nacional de Imunização, é indicado tomar três doses da vacina injetável, aos 2, 4 e 6 meses, e duas doses da vacina oral, aos 15 meses e 4 anos de idade. 

“Peço mesmo que as famílias levem as crianças para vacinar. A vacina existe desde o século passado. Então, não cabe a nós desacreditar da eficácia”, declara Valéria.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana aborda a poliomielite, suas características e a importância da vacinação.  

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

*Eduarda Sperandio – estagiária de jornalismo

Edição: Giovana Maldini