Projeto PrEP 15-19 busca minimizar desigualdade no acesso à prevenção do HIV/Aids
Dia da Consciência Negra, lembrado em 20 de novembro, também alerta para desigualdades na prevenção ao HIV/Aids
20 de novembro de 2020 - HIV, Prep 15-19, Racismo, Racismo Institucional
O ano de 2020 ainda não terminou. Mas já entra para história como um dos mais impactantes do século para a humanidade. E por dois acontecimentos específicos: o surgimento da covid-19 e a intensificação da luta por igualdade de direitos civis. Enquanto a ciência corre contra o tempo para estancar a mortandade provocada pelo vírus, o mundo grita por vidas negras exterminadas. A importante luta contra a covid-19, que acaba ofuscando outras doenças graves colocadas em segundo plano, como é caso do HIV/Aids, por outro lado reforça a cruel desigualdade racial no acesso à saúde pública no Brasil.
A população negra é a que mais morre com Aids no país. Para se ter uma ideia, na última década, as mortes pela doença aumentaram 22% na população negra, enquanto na população branca houve redução de 22%, de acordo com boletim do Ministério da Saúde de 2019. Os dados refletem o racismo estrutural, que dificulta o acesso dessa população aos serviços de saúde para prevenção e tratamento: vale lembrar que Aids é o nome da doença causada pelo vírus HIV quando ele não é diagnosticado e devidamente tratado.
A falta de acesso dessa população às políticas de saúde pode ser evidenciada em diferentes áreas, até mesmo na concepção e pesquisa de medicamentos antirretrovirais. Estudo realizado por pesquisadores ingleses e sul-africanos, publicado em abril deste ano, no Journal of Virus Erradication, mostra que para a aprovação dos últimos quatro medicamentos lançados (Dolutegravir, Bictegravir, Tenofovir Alafenamida e Doravirina), 7% dos participantes eram mulheres negras, 17% homens negros, 13% mulheres brancas e 50% homens brancos.
“Nas pesquisas científicas e ensaios clínicos com medicamentos e vacinas, temos identificado ao longo dos anos uma sub-representação, não só da raça negra, mas de outras etnias minoritárias. Isso, pode, inclusive, impactar no uso daquele medicamento nestas populações devido a desconfianças”, destaca Tupinambás.
De acordo com ele, esse é um debate que também tem sido feito neste momento atual com as pesquisas com vacinas contra a covid-19. “Temos que ter representatividade da população negra, inclusive para facilitar, quando for aprovada uma vacina, uma maior aceitação entre essa população”, avalia.
Representatividade
Por outro lado, estudos como a PrEP 15-19 têm conseguido aumentar a representatividade racial e alcançar as populações que mais podem se beneficiar com profilaxias e tratamentos para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Essa pesquisa avalia o uso da Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP), como parte da prevenção combinada, entre jovens de 15 a 19 anos que se identificam como gays, homens que transam com homens, mulheres trans e travestis. No Brasil, o estudo é realizado pela UFMG, USP e UFBA e conta com maior parte dos participantes (69,5%) jovens que se autodeclaram negros.
Ele cita que a prevalência de HIV e outras ISTs, como sífilis e gonorreia, é alta entre jovens de 15 a 19 anos. Para o HIV, essa prevalência está em torno de 5 a 6%, enquanto na população em geral é percentual é de 0,3 a 0,4 %.
Porta de acesso
O projeto PrEP 15-19 tem sido uma porta de entrada dos jovens negros e com maior vulnerabilidade aos serviços de saúde e políticas para prevenção e tratamentos de HIV e ISTs.
Os jovens que se apresentam podem optar pelo uso a profilaxia pré-exposição, através do uso diário de dois antirretrovirais associados em um único comprimido (tenofovir+emtricitabina).
Mas aqueles que optam pelo não uso, continuam tendo acesso à informação adequada sobre prevenção, camisinha, lubrificante, aconselhamento, teste para diagnóstico de HIV (feito no local ou com o autoteste) e a outras ISTs, tratamento ou encaminhamento para serviço especializado, além de orientações sobre a vacinação contra as hepatites A e B.
Como participar Interessados podem entrar em contato pelo o whatsapp do projeto (31) 9 9726-9307 ou instragram @nodeumatch. A assistência virtual Amanda Selfie também pode ajudar! É só chamá-la para conversar pelo site (Prep1519.org), ou no Facebook @amandaselfie
Com Comunicação da PrEP 15-19 Minas