Qualidade de morte como estratégia de valorização da vida
O 3° Eixo do Congresso Nacional de Saúde discute valorização da vida através da atenção ao paciente em cuidado paliativo.
13 de junho de 2017
3° Eixo do Congresso Nacional discute valorização da vida através da atenção ao paciente em cuidado paliativo
Jayne Ribeiro*
Questões práticas e éticas a respeito dos cuidados proporcionados aos pacientes em condição paliativa e à sua família vão nortear as discussões do terceiro eixo do 4º Congresso Nacional da Saúde que acontece em agosto, na Faculdade de Medicina da UFMG.
Intitulado “Qualidade de morte como estratégia de valorização da vida”, o eixo é coordenado pelos médicos do Hospital das Clínicas da UFMG, Fabiano Moraes Pereira e Munir Murad.
O geriatra e paliativista, Fabiano Moraes Pereira, explica que o eixo propõe a visão da morte como um processo natural da vida, e que o paciente em cuidado paliativo, que é aquele com uma doença crônica que vai levar ao óbito, precisa ser cuidado do início ao fim. “Qualidade de morte é um conceito já em vigor, que está relacionado à melhor forma que o paciente morre: bem assistido e com um bom controle dos sintomas”, conta.
Fabiano ressalta a importância de se cuidar também da família do paciente. “A atenção a saúde é formada por pilares. O paciente é um pilar, a família é outro pilar e a equipe assistencial é outra pilar. Por isso o cuidado com a família é essencial. Esse cuidado consiste em entender o sofrimento que o processo está trazendo para a vida dessas pessoas: psicológico, físico e espiritual, em relação ao cuidado do seu familiar em final de vida”, afirma. O geriatra conta ainda que no Hospital das Clínicas da UFMG o paciente em cuidado paliativo e sua família contam com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogo, farmacêutico e apoio de profissionais da terapia ocupacional e nutrição.
Cuidado paliativo: vida com qualidade
Fabiano afirma que o cuidado paliativo é um exercício da profissão médica e, por isso, não reúne práticas e protocolos dissociados dos já pré-estabelecidos pela profissão. Para ele, a proposta do cuidado paliativo é a promoção da qualidade de vida ao paciente em estado terminal. “Nós queremos garantir uma boa assistência ao paciente, para que ele viva o maior tempo possível, com a melhor qualidade de vida possível. A boa qualidade de vida proporcionada por uma assistência adequada mostra aumento de sobrevida nos em pacientes com doenças como câncer e insuficiência cardíaca”, relata.
O médico observa que o cuidado paliativo não pretende abordar técnicas de aceleração da morte. “Algumas discussões éticas abordam a eutanásia e o suicídio assistido. No entanto, essa não é a nossa proposta. Temos extensas bibliografias que mostram que o paciente que tem uma boa qualidade de vida normalmente não opta por essas opções. Promover boa qualidade de vida promove uma boa qualidade de morte, então, o sofrimento que poderia induzir para um pensamento de eutanásia acaba”, argumenta.
“Não queremos abreviar a vida, pelo contrário, queremos prolongá-la de forma digna pelo maior tempo possível. Reconhecemos a morte como um processo natural da vida, mas não achamos que seja a solução, a morte não é a solução”, conclui o coordenador do eixo temático.
Congresso Nacional de Saúde
A 4ª edição do Congresso será realizada do dia 28 a 30 de agosto de 2017, na Faculdade de Medicina da UFMG, com o tema “Promoção da Saúde: Interfaces, Impasses e Perspectivas”. As inscrições para submissão de trabalhos e participação como ouvintes podem ser feitas com desconto até o dia 3 de julho.
O Congresso Nacional de Saúde é direcionado a um público multidisciplinar, composto de profissionais de diversas áreas da Saúde e correlatas, tanto do setor público quanto do setor privado, em especial professores, técnicos e estudantes, bem como agentes da saúde. A previsão da comissão organizadora é reunir 600 pessoas.
O 4º Congresso Nacional da Saúde integra ainda a programação das comemorações dos 90 anos da UFMG, celebrados em 2017.
Mais informações e inscrições na página do 4º Congresso Nacional de Saúde.
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*Redação: Jayne Ribeiro – estagiária de jornalismo
Edição: Mariana Pires