Queda de cabelo pode sinalizar doenças no corpo

Especialista alerta para a importância do diagnóstico precoce como forma de evitar a perda definitiva dos fios


22 de agosto de 2022 - , , , ,


A queda de cabelo é um dos principais incômodos envolvendo a aparência. No entanto, para além da autoestima, a perda dos fios em excesso é preocupante, já que pode sinalizar diversas doenças envolvendo o couro cabeludo e o corpo em geral.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o esperado é que uma pessoa perca entre 100 a 200 fios por dia. Por ser complicado quantificar os cabelos que caem, o melhor horário para observar o problema é durante o banho, quando os fios soltos deslizam uns pelos outros.

“Observar se esse volume de cabelo que cai no banho está aumentando ou estável ao longo do tempo. Se ele estiver maior do que o habitual, então é caso para se preocupar com essa queda”, explica a médica dermatologista e preceptora de tricologia no Hospital das Clínicas da UFMG, Thaissa Coelho, convidada do Saúde com Ciência desta semana.

Causas da queda de cabelo

As quedas de cabelo superiores às habituais podem ter várias causas relacionadas. Entre elas, doenças no couro cabeludo, como a alopecia androgenética, mais conhecida como calvície, e o eflúvio telógeno, uma alteração no ciclo capilar que leva à perda dos fios.

Além das doenças mais localizadas, a queda de cabelo também pode sinalizar outros distúrbios no corpo. Quadros de disfunções metabólicas, como glicemia alterada ou mudança significativa de peso, ou de disfunções hormonais, como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, por exemplo, podem ter repercussão no couro cabeludo.

Por isso, o uso de medicamentos, vitaminas e produtos para tratar a perda dos fios, sem prescrição médica, não é recomendado, já que a causa pode ser um distúrbio mais complexo.

“Temos um grupo de causas de queda de cabelo que causam cicatrizes. Ou seja, onde o fio caiu, não nasce outro. Se tratarmos sem o diagnóstico correto, estamos perdendo fios de forma definitiva. E isso é muito grave”, alerta Thaissa.

Muitos acreditam que o estresse também é um fator que pode provocar queda de cabelo. No entanto, de acordo com a médica dermatologista, isso acontece em casos muito acentuados. “Nunca podemos considerar que a causa da queda é o estresse sem investigar outras questões subjacentes”, afirma.

Queda de cabelo pós covid-19

Parte dos pacientes que foram infectados pelo coronavírus se queixam de queda de cabelo intensa. Segundo Thaissa, isso acontece porque quadros infecciosos causam um estresse orgânico no corpo, provocando um desequilíbrio do ciclo capilar. No caso da covid-19, outros fatores também podem estar associados com a perda dos fios, como a presença do vírus no folículo capilar.

A queda de cabelo pós covid-19 é considerada precoce em relação a outras infecções, as quais os fios caem após três ou quatro meses. “É bastante aflitivo para o paciente, porque é uma queda intensa e muito abrupta […] Não estamos perdendo folículos de forma definitiva. Temos uma entrada dos fios em uma condição de repouso, mas ele logo volta à atividade e nasce outro”, conta Thaissa.

Mesmo que a covid-19 possa ser uma das suspeitas para a queda de cabelo, é recomendado procurar um atendimento médico para descartar outras possíveis causas importantes.

“Nunca podemos considerar normal uma queda de cabelo maior do que o seu habitual sem fazer uma investigação”, ressalta Thaissa.

Saúde com Ciência

O programa de rádio e podcast Saúde com Ciência desta semana aborda a saúde do couro cabeludo, causas para as quedas de cabelo, mitos e curiosidades sobre o tema.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.