Redes Sociais não são as melhores fontes para informações médicas

Saúde com Ciência aborda os principais recursos tecnológicos usados na Medicina e suas consequências no âmbito da saúde.


16 de setembro de 2016


O Saúde com Ciência desta semana aborda os principais recursos tecnológicos usados na Medicina e suas consequências no âmbito da saúde.

ImpressãoAs redes sociais estão integradas à rotina da maioria dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa realizada no último trimestre de 2015, pela We Are Social, estima-se que 45% da população é ativa em redes como Facebook e Twitter. Esses espaços virtuais são caracterizados pelo compartilhamento massivo de informações, muitas vezes sem credibilidade. Esses excessos de conhecimento se tornam ainda mais perigosos quando envolvem os assuntos da saúde.

Em janeiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) liberou uma notícia reafirmando a eficácia da vacina contra o HPV, após algumas manifestações nas redes sociais que diziam dos efeitos colaterais gerados por esse modo de prevenção. Muitas das complicações descritas, não tinham comprovações médicas, mas foram suficientes para gerar comoção entre os usuários das redes sociais. “Nem sempre isso é provado, mas já causa um estrago muito grande”, explica o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Agnaldo Lopes. Ainda segundo o professor, muitas mães deixam de levar suas filhas para vacinar devido à quantidade de falsas informações sobre a vacina.

As redes sociais têm um grande poder sobre a disseminação das informações na contemporaneidade. Sendo uma das principais fontes de notícias, o próprio formato de circulação desses ambientes virtuais limita a validade dos dados veiculados. Qualquer pessoa pode criar conteúdo, por esse motivo, não se deve confiar em tudo que é encontrado nas redes. “Na verdade, essas disseminação infundada de informação nas redes sociais pode trazer um prejuízo muito grande em relação a cobertura populacional”, comenta Agnaldo.

Outro modo de atingir essas falsas informações é através de pesquisas no Google. “O leigo ter determinadas informações, o valor disso é questionável. O prejuízo vai além da obtenção de conhecimentos equivocados. Alguns dados podem causar ansiedade aos usuários da rede e que, ainda, tendem a tomar decisões erradas que apenas o médico poderia indicar”, comenta.

celular

Imagem: reprodução/internet

A relação entre o médico e o paciente também se vê alterada no contexto das redes sociais. O Whatssap, eleito em 2015 o aplicativo de celular mais usado do país, permite a comunicação direta e instantânea entre as pessoas. Muitos médicos usam o recurso para tirar dúvidas urgentes de seus pacientes. No entanto, o ginecologista lembra que ele não pode ser usado como meio para as consultas. “A consulta médica é presencial, há a necessidade de um exame clínico adequado, então é muito diferente”, afirma.

O outro lado

A Internet é um lugar de muitas informações. Mesmo que a maioria delas seja duvidosa, muitos dados ali presentes são relevantes para assuntos ligados à saúde. “Informação de qualidade é sempre bom”, comenta Agnaldo Lopes, que enxerga a web como um espaço de conhecimento a ser aprofundado. Nesse caso, a checagem de fatos diretamente com os médicos é bem-vinda, já que eles têm a capacidade de avaliar as informações.

Um exemplo do bom uso da Internet são os blogs administrados por pacientes que se disponibilizam a ajudar outras pessoas que enfrentam a mesma doença. O especialista cita a importância de sites de mulheres com câncer ou endometriose. “Essas mulheres que compartilham da mesma doença podem trazer informações importantes até no enfrentamento de determinadas situações.”, completa.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 178 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.