Saúde da população negra, desafios na formação de futuros médicos mediante ao racismo


19 de outubro de 2023 - ,


Foto: CCS / Faculdade de Medicina da UFMG

Na manhã da última quarta-feira, 18 de outubro de 2023, aconteceu o Seminário de Bioética com o tema “Racismo na Saúde e no ensino: Como superar?”, no auditório do CETES da Faculdade de Medicina da UFMG. O evento foi realizado com o objetivo de discutir a desigualdade racial no sistema de saúde e na formação de futuros médicos.

Dividido em duas partes, a primeira contou com uma mesa redonda com a participação de três convidados que se auto reconhecem como pessoas negras. O evento contou com a participação da jornalista e cientista política, criadora da Casa Dandara e ativista do movimento negro, Diva Moreira; com o professor do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG e integrante da Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER), Uálisson Nogueira do Nascimento, e a estudante do curso de Medicina da UFMG e integrante da Liga Acadêmica de Saúde da População Negra (LASPON), Sarah Ester.

Moderada pelo professor aposentado e colaborador do Napem, Itamar Sardinha, os participantes tiveram a oportunidade de contar suas vivências e desafios como pessoas pretas na sociedade, principalmente relacionado à saúde no país.

“Nosso povo vive sob o regime da exclusão, nós vivemos fora da legalidade deste país desde sempre. Eu tenho dito que nem o direito criminal que foi formatado pensando em nós, nem a ele nós temos acesso”, afirma Diva Moreira.

Diva Moreira, foto: CCS / Faculdade de Medicina da UFMG

Durante a conversa, a jornalista trouxe um pouco do histórico do racismo no país, como acontecimentos de muito tempo atrás influenciam nos dias de hoje. Além da importância de falar sobre a discriminação vinda do meio médico. “Eu me perguntava como esses cursos de medicina podem continuar ignorado tudo isso”.

Já o professor Uálisson, falou sobre a importância de terem pessoas interessadas em discutir o impacto do racismo na saúde, como num evento pensado para falar especialmente deste tema e completou o pensamento de Diva, com o histórico do racismo no país. Ele ainda falou sobre a importância das políticas públicas em relação a saúde da população negra e como é essencial que elas sejam pensadas para a inclusão e igualdade nos atendimentos médicos. “É importante pensar em como estratégias aqui no ensino estão se relacionando com essas temáticas, como é passado para os estudantes e como é desenvolvido isso em relação a assistência de saúde”, pontua.

Finalizando a primeira parte, a estudante de Medicina, Sarah Ester, falou sobre como se sentiu deslocada ao adentrar a Universidade e não se identificar com as pessoas ali, e trouxe a importância da LASPON para ela como estudante negra da Faculdade de Medicina da UFMG e para os interesses desta população.

Por fim, o segundo momento, foi moderado pelo professor emérito, Dirceu Greco, que abriu os debates para a participação do público presente na palestra. Diante disso, foi possível que os convidados discutissem os pontos colocados pela plateia, de forma a buscar juntos uma solução para uma possível mudança no ensino de profissionais de saúde em relação ao atendimento de pessoas negras.

“É um privilégio se educar sobre o racismo e não vivenciá-lo”, completa o professor Uálisson.

Idealizado pelos professores Dirceu Greco e Itamar Sardinha, em conjunto com a professora do Departamento de Pediatria, Cristiane Dias, o professor do Departamento de Clínica Médica, Unaí Tupinambás e o médico cardiologista, José Agostinho, o evento foi gravado e está disponível no canal do Youtube da Faculdade de Medicina.


Atualizado em 16 de novembro de 2023