Terapias e técnicas de relaxamento para combater as fobias
Nova série do Saúde com Ciência apresenta tipos mais comuns e tratamentos diversos de fobias
02 de outubro de 2015
Nova série do Saúde com Ciência apresenta tipos mais comuns e tratamentos diversos de fobias
“Eu não sei o que eu faço, não consigo agir. Fico irracional, sem conseguir pensar.” As reações da professora de química Cláudia Soares, de 43 anos, são comuns para as pessoas que apresentam algum tipo de fobia. No caso dela, o medo é de barata. Mas a fobia pode estar associada a, praticamente, qualquer coisa: altura, agulhas, animais, lugares escuros ou ainda interações sociais.
Mas o que caracteriza a fobia? Segundo o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina, Maurício Viotti, fobia é um termo técnico, que significa um tipo de ansiedade patológica, ou seja, exagerada e irracional, que pode trazer prejuízos à saúde. Ele explica que existem dois tipos principais: “A fobia específica é o medo de certos objetos, situações naturais ou animais. Já o transtorno de ansiedade social (também conhecido como fobia social) é o medo de ser observado ou avaliado de algum modo, que constrange a pessoa”.
Entre os sintomas associados, Viotti cita tremores, taquicardia, sudorese e até sensação de desmaio. O professor destaca que o estresse pode ser um possível fator de risco para a piora do quadro: “Quando a pessoa está numa fase mais estressante ou quando dorme menos, a fobia aparece mais”, comenta.
Normalmente, o próprio indivíduo é capaz de perceber que apresenta a condição e passa a organizar sua vida de modo que evite o objeto fóbico, especialmente no caso da fobia específica. Por isso, é comum que as pessoas não busquem ajuda médica, mas existem tratamentos eficazes, caso das psicoterapias cognitivo-comportamentais. “Isso vai sendo utilizado do ponto de vista cognitivo para dessensibilizar aquele medo e comportamental para ir, aos poucos, enfrentando-o. Às vezes, com a ajuda do terapeuta ou de alguma situação que a pessoa se sinta mais confortável, com técnicas de respiração, de relaxamento”, esclarece Maurício Viotti.
Pegando como exemplo o caso de Cláudia Soares, essa dessensibilização do medo sugere que, primeiramente, o indivíduo deve presenciar uma barata à distância, diminuindo aos poucos essa distância. Da mesma forma acontece com a fobia de altura – a pessoa começa enfrentando o primeiro andar, depois o segundo, terceiro, até eliminá-la em definitivo.
Fobia social
É natural que as pessoas, em algum momento da vida, passem por momentos de timidez e vergonha ao falar em público ou conversar com desconhecidos. Mas existem casos em que isso se desenvolve gravemente: a fobia social. De acordo com o psiquiatra, situações como falar em público, reunir com a equipe de trabalho ou mesmo ir a festas de aniversário, podem se tornar momentos difíceis. “Quando o paciente procura o psiquiatra, ele vem com o intuito de tratar uma depressão. [A fobia] o privou de tantas situações, no emprego, no estudo ou em hobbies, que a vida começa a perder o sentido para ele”, diz. Além da depressão, a fobia social pode ter relação com o alcoolismo, já que algumas pessoas veem no álcool a possibilidade de superar suas ansiedades.
Viotti observa que, além das terapias e técnicas de relaxamento, aulas de teatro podem ajudar a pessoa a se sentir mais confortável em público. Em casos mais agudos de fobia social, ele indica o uso de antidepressivos e anti-hipertensivos: “Existem medicamentos que atuam imediatamente, como o propranolol, que não deixa haver taquicardia e diminui os tremores, fazendo com que a pessoa não sinta a parte física”. O psiquiatra também lembra a importância da consciência alheia. “Não exercer o bullying e respeitar o indivíduo como ele é. No mais, aqueles que têm um dom psicológico maior poderiam até ajudar, fazendo com que essas pessoas procurem atividades sociais e estabeleçam uma situação menos fóbica, menos observadora e avaliadora”, finaliza.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência apresenta a série “Fobias: Você tem medo de que?” entre os dias 5 e 9 de outubro. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, ouça na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
O programa também é veiculado em outras 162 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.