Botox ajuda na recuperação de crianças com paralisia cerebral


03 de novembro de 2015


Série do programa Saúde com Ciência ressalta a utilização da toxina botulínica, ou botox, no tratamento de doenças como a paralisia cerebral e a hiperidrose

marca-saude-com-ciencia1A Toxina Botulínica, conhecida popularmente como botox, é uma substância produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Ela possui a capacidade de bloquear a ação do nervo, dificultando a transmissão do estímulo e, assim, relaxando a musculatura. Esta “habilidade” chamou a atenção de pesquisadores na década de 60 e, desde então, a toxina vem sendo aproveitada em diversas áreas da medicina, como a oftalmologia e a neurologia.

Na neurologia ela é utilizada principalmente para o tratamento de doenças que causam o comprometimento dos movimentos, como no caso de acidente vascular cerebral (AVC), derrames e da paralisia cerebral. De acordo com a neuropediatra e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Juliana Gurgel, essa toxina auxilia na reabilitação de crianças com paralisia cerebral, complementando o trabalho da fisioterapia e da terapia ocupacional. Ela serve como uma ferramenta para a recuperação dos movimentos de membros afetados pela espasticidade, uma contração involuntária do músculo que pode causar dor, desconforto e o encurtamento dos músculos em longo prazo.

A toxina é aplicada diretamente no músculo afetado, causando o relaxamento e potencializando a possibilidade de reabilitação daquela região. “A paralisia cerebral causa um insulto ao cérebro em desenvolvimento, fazendo com que a criança apresente um déficit motor secundário a esse insulto”, explica Juliana Gurgel. “Na maioria dos casos, elas irão apresentar uma espasticidade de membros inferiores e superiores, podendo ser somente em um lado ou em todos os membros. De acordo com o grau de espasticidade, pode-se utilizar a toxina botulínica para potencializar ação da reabilitação”, completa.

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A Toxina Botulínica também serve para o tratamento de doenças que causam o comprometimento dos movimentos. Foto: Reprodução

Mas, antes de iniciar o uso da toxina é feita uma avaliação clínica detalhada, levando em consideração o ganho de função que a criança irá ter. A professora ressalta que esse ganho de função está relacionado diretamente com a melhoria da qualidade de vida. “Muitas vezes essas crianças podem ter uma espasticidade que dificulta a mãe a abrir a perninha para fazer a higiene. Então, relaxar a musculatura da coxa facilita o dia a dia, permitindo que a mãe faça uma higienização adequada da região”, complementa Gurgel.

A indicação do tratamento é a partir dos dois anos de idade, sendo que a aplicação da toxina deve ser feita no período de três a quatro meses, quando a musculatura volta a ficar enrijecida. Entretanto, como nesse período também é feito a fisioterapia e terapia ocupacional, a criança já terá tido avanços na sua recuperação e poderá dar continuidade ao tratamento reaplicando a toxina. Juliana Gurgel reforça que o uso da toxina botulínica no tratamento da paralisia cerebral proporciona avanços importantes para a recuperação motora dessas crianças, além de garantir grandes melhorias na sua qualidade de vida.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência apresenta a série “Botox para além da estética” entre os dias 2 e 6 de novembro. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, ouça na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

O programa também é veiculado em outras 168 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.