Uso excessivo de telas na infância pode causar atraso de fala

Eletrônicos podem prejudicar desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras em crianças menores


02 de janeiro de 2023 - , , ,


Neste período de férias escolares, muitas crianças passam grande parte do tempo livre se expondo a telas como forma de diversão. No entanto, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode causar diversos prejuízos para o desenvolvimento delas.

No caso das crianças com idade abaixo de 2 anos, o ideal é não utilizar telas. Segundo a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Lígia Pertence, essa recomendação é da Sociedade Brasileira de Pediatria e se deve ao fato de os eletrônicos nessa idade provocarem diversos prejuízos na aquisição de habilidades motoras e cognitivas.

“Nós vemos, nitidamente, um atraso de fala, por exemplo, nas crianças que usam telas em uma faixa etária pequena. Isso porque as pessoas acham que a criança aprende a falar escutando músicas ou outras coisas. E não é assim. A fala é uma interação […] A gente aprende a falar falando, ensinando a criança”, explica a especialista, que foi a convidada do Saúde com Ciência desta semana.

Além do prejuízo cognitivo, as habilidades motoras, como correr, pular e até mesmo empilhar ou montar objetos, também ficam afetadas com o uso excessivo de telas. Segundo Lígia Pertence, esse desenvolvimento acontece com a repetição.

Já nas faixas etárias maiores, a criança precisa se movimentar. Porém, ficar muito tempo em frente aos eletrônicos causa mais sedentarismo para esse grupo. “A atividade física é muito importante para o desenvolvimento e para a prevenção de distúrbios metabólicos, como obesidade, hipertensão e diabetes. Hoje em dia, a gente já tem visto uma frequência bem alta desses distúrbios nas crianças. Além disso, a atividade estimula fatores de crescimento”, afirma a professora.

Tempo de tela recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria:

  • menores de 2 anos de idade: evitar exposição a telas;
  • de 2 a 5 anos de idade: até uma hora por dia;
  • de 6 a 10 anos de idade: de uma a duas horas por dia;
  • de 11 a 18 anos de idade: de duas a três horas por dia.

Como aproveitar as férias sem as telas

As famílias podem propor atividades e passeios durante as férias para divertir as crianças longe das telas. Tanto para aquelas que forem viajar, quanto as que forem ficar na própria cidade, o recomendado é interagir com a criança e, se puder, explorar e conhecer novos lugares. Entre eles, museus, praças, clubes e até campos de futebol ou quadras próximos podem ser ótimas opções. O importante é estar junto com elas, como afirma a professora Lígia Pertence.

“Tem muita gente que acha que as coisas têm que ser muito arquitetadas, ter uma super brincadeira ou algo especial. E as crianças não são assim. Podem brincar de brincadeiras culturais, como pega-pega, brincadeiras de quando a gente era criança e que não vão precisar de grandes estruturas. Vão deixar as crianças tão felizes quanto outras brincadeiras. O importante para elas é o contato, a interação”, completa.

Até mesmo em casa, jogos de tabuleiro ou de cartas também são ótimas dicas para entreter as crianças e divertir em família.

“Que vocês consigam fazer atividades prazerosas com elas. A criança ter memórias afetivas, o contato, o carinho e entender que os pais tão presentes e feliz por estar com elas é muito importante. A gente já tem muitas obrigações. E essa interação com os filhos não deve ser mais uma […] Tem que fazer o que faz vocês felizes”, conclui.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vai abordar sobre a importância do lazer para os pequenos, dicas de atividades e brincadeiras para fazer nas férias e o risco do uso excessivo de telas para as crianças.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.