Uso indiscriminado de remédio para disfunção erétil pode levar à dependência psicológica

Terapias de comportamento podem ajudar jovens a vencerem medo de falhar durante o ato sexual


17 de novembro de 2017


Terapias de comportamento podem ajudar jovens a vencerem medo de falhar durante o ato sexual. Confira na nova série do Saúde com Ciência

O Viagra, medicamento desenvolvido na década de 1990, revolucionou a vida sexual do homem, que até então lidava praticamente com injeções locais ou próteses penianas para o tratamento da disfunção erétil. Nos últimos anos, o surgimento de novos fármacos, além dos genéricos e similares, contribuiu para a “popularização” desses medicamentos. Mas o uso indiscriminado, principalmente pela população jovem, preocupa os especialistas.

Buscando contornar a ansiedade e o medo de falhar no ato sexual, o jovem recorre às chamadas pílulas azuis, que deveriam ser prescritas a partir do acompanhamento médico. Isso porque, além dos possíveis efeitos colaterais e riscos à saúde, há possibilidade de o indivíduo desenvolver uma dependência psicológica dessas pílulas. Nesses casos, o jovem acredita que não terá uma relação sexual satisfatória se não usar o medicamento, que pode ser adquirido sem receita médica e tem versões genéricas de baixo custo.

O urologista, sexólogo e professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Augusto Reis, diz que, inicialmente, as pílulas azuis para homens jovens são indicadas para quadros clínicos que dificultam a ereção, como diabetes e lesões medulares. Ele lembra que é normal sentir insegurança no início da vida sexual ou mesmo no começo de um novo relacionamento, ou seja, a falta de experiência e “intimidade” nessas situações pode gerar muita ansiedade em ambos os parceiros.

“Toda vez que estamos ansiosos, o cérebro libera uma substância chamada noradrenalina, que é terrível para ereção, pois ela fecha os vasos sanguíneos. Então, às vezes, o indivíduo pode perder a ereção nas primeiras relações sexuais. Isso faz parte do amadurecimento sexual dele”, afirma Reis. Na medida em que os parceiros vão se conhecendo melhor, a intimidade do casal cresce, favorecendo, nesse caso, o desempenho sexual do homem.

Um dos caminhos para tratar as causas psicológicas da disfunção é a terapia comportamental, que pode ser conduzida por um sexólogo e realizada individualmente ou pelo casal. “Quando há o temor da falha, algo muito comum em jovens, esse tipo de terapia traz resultados excelentes”, garante Augusto Reis. As psicoterapias também podem ajudar o homem a superar possíveis experiências desagradáveis ou traumas que levaram à disfunção.

Efeitos colaterais

A sildenafila, princípio ativo do Viagra, promove a dilatação dos vasos e tende a facilitar a ereção por até seis horas após a ingestão da pílula. Já a tadalafila, genérico do Cialis, pode manter o efeito vasodilatador por até 36 horas. No entanto, como qualquer outro medicamento, esse grupo de fármacos também pode provocar efeitos indesejados, como dores de cabeça, palpitações, rubor facial, surdez temporária e alterações visuais.

Em casos de menor frequência, o homem pode apresentar um quadro de priapismo –ereção prolongada muito dolorosa que exige cuidados de emergência para preservar as funções do órgão sexual. Já pacientes que usam nitratos para tratar doenças cardíacas não devem tomar remédios para disfunção erétil, uma vez que há o risco de ocorrer uma vasodilatação importante que poderia provocar parada cardíaca.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.