Vacina contra o HPV previne 70% das chances de desenvolver câncer de colo do útero

Saúde com Ciência apresenta nova série “HPV e Câncer de Colo do Útero”.


11 de maio de 2015


Saúde com Ciência apresenta nova série “HPV e Câncer de Colo do Útero”, com as recentes mudanças na vacinação e as principais formas de prevenção do câncer

saudecomcienciaHoje a principal responsável pelo câncer de colo do útero, a infecção pelo HPV – sigla em inglês para o papilomavírus humano – pode ser prevenida pela vacinação. Antes restrita à faixa etária dos 11 aos 13 anos de idade, a vacina foi estendida pela rede pública, no início do ano, às meninas a partir dos nove anos e às dos 14 aos 26 anos portadoras do vírus HIV.

A imunização contra o HPV é composta por três doses. Para ficarem devidamente protegidas, meninas até os 14 anos devem tomar a segunda dose seis meses após a primeira. Já a terceira é tomada cinco anos depois da primeira. No caso das meninas e mulheres que têm até 26 anos e convivem com o vírus da Aids, a segunda dose acontece dois meses após a primeira, e a terceira seis meses depois.

Ilustração: Carina Cardoso

Ilustração: Carina Cardoso

A ginecologista e professora aposentada da Faculdade de Medicina da UFMG, Edna Maria de Castro, lembra a importância da imunização na adolescência e observa que essa nova diretriz, apesar dos benefícios, fez com que alguns pais vetassem as filhas por temerem o início precoce da atividade sexual. “Isso tem que ficar claro: a vacina não está ‘autorizando’ ninguém a ter atividade sexual, pelo menos está prevenindo. E os meninos também deveriam tomar a vacina”.

“Às vezes a menina teve a primeira relação aos 13, 14, e vai aparecer uma verruga depois de cinco anos – o período de incubação é grande. Então, às vezes, ela teve vários parceiros, mas se contaminou com aquele primeiro, ou seja, mesmo que ela tenha tido um diagnóstico de HPV, ela deve se vacinar”, acrescenta Edna. Uma vez detectada a lesão, a mulher continuará apresentando o vírus, mas a maioria não tem consequências graves. E, claro, nem toda infecção vai resultar no câncer de colo do útero, que é o terceiro mais frequente na população feminina.

Rastreamento

Embora a vacina contra o HPV tenha grande eficácia no combate ao câncer de colo do útero, ela previne 70% das chances de a mulher desenvolvê-lo. A prevenção dos outros 30% fica por conta dos exames preventivos, como o Papanicolau e a colposcopia.

Segundo o epidemiologista da Coordenadoria de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, José Geraldo Ribeiro, esses exames, complementares, são fundamentais para o diagnóstico precoce de algum tipo de lesão. “A mulher, após dois anos da primeira atividade sexual, deve começar a fazer uma avaliação médica. Se descoberta alguma lesão, é feita uma intervenção para curá-la naquele momento”. Um tratamento específico para o vírus ainda não existe, por isso a importância dos exames de prevenção, mesmo que a mulher já tenha sido diagnosticada com o HPV ou tenha tomado a vacina.

A decisão de aumentar o público destinado à vacina pelo Programa de Imunização do Sistema Único de Saúde (SUS) veio para reforçar esse programa de controle. Hoje, no Brasil, cerca de 13 mulheres morrem por dia devido ao câncer de colo do útero causado pelo HPV. “As meninas se vacinando antes da primeira atividade sexual, estarão prevenindo a infecção e suas consequências. E o rastreamento, feito a partir do exame citológico ou Papanicolau, se soma a isso para evitar a doença”, reitera Ribeiro. Os exames de prevenção do HPV estão disponíveis na rede pública para mulheres a partir dos 25 anos.

Imunização para o sexo masculino

Com a mulher tendo prioridade e pelo fato de não existirem doses suficientes no país, a rede pública ainda não oferece vacinação para o sexo masculino. Mas o epidemiologista relata uma série de vantagens para os meninos vacinados: “Evita que eles tenham os condilomas, as verrugas ano-genitais e protege a possibilidade de câncer em outras localizações. Além disso, você diminui o risco da futura parceira dele”.

De acordo com José Geraldo Ribeiro, o Brasil já adquiriu a transferência da tecnologia da vacina quadrivalente, para que ela seja fabricada em um prazo previsto de cinco anos. Isso, provavelmente, fará os meninos serem contemplados pela rede pública. “E que aí nós possamos incluir não só os adolescentes masculinos, mas também outras faixas etárias de mulheres”, finaliza o especialista.

Sobre o programa de rádio

Como o HPV é um vírus com mais de cem tipos, o Saúde com Ciência também faz uma diferenciação, com destaque para os tipos mais graves, que podem causar cânceres: os oncogênicos. A série HPV e Câncer de Colo do Útero vai ao ar entre os dias 11 e 15 de maio.

O programa é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 104 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.