Vida profissional e maternidade: como conciliar?

Para lembrar o Dia Internacional da Mulher (08/03), Saúde com Ciência dedica série a assuntos como vida profissional, gravidez, TPM, feminismo e feminilidade.


06 de março de 2015


Para lembrar o Dia Internacional da Mulher (08/03), Saúde com Ciência dedica série a assuntos como gravidez, TPM, feminismo e feminilidade

saudecomcienciaEm dada circunstância, Clarice Lispector (1920-1977) foi indagada se importava mais a ela a maternidade ou a literatura. O modo imediato de saber a resposta, para ela, foi se perguntar qual seria sua escolha se precisasse optar por uma delas. E Clarice não teve dúvida que, como mãe, era mais importante do que como escritora.

Em tempos nem tão remotos, a maioria das mulheres já pensava em casamento, ou efetivava o mesmo, por volta dos vinte anos. Com o advento da pílula anticoncepcional na década de 1960, as prioridades começaram a mudar. Ao buscar o desenvolvimento da sua vida profissional e acumular outras funções na sociedade, a maternidade passou a ser adiada, apesar dos riscos de uma gravidez tardia. Isso, claro, não é uma “regra”, até porque nem todas as mulheres desejam ser mães.

De acordo com a ginecologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Andrea Moura, o desejo da mulher em ter um relacionamento estável e constituir família está acontecendo, em geral, dez anos depois. “Então, ela começa a estabelecer esse relacionamento por volta dos trinta e a gravidez está ocorrendo, mais frequentemente, entre 31 até 34 anos”.

mulheres-1Vale lembrar que, a partir dos trinta anos, a mulher tem uma queda importante de fertilidade, o que diminui as chances de engravidar. “Além dessa dificuldade, ela vai estar mais vulnerável a alguns problemas, como hipertensão, diabetes e doenças da tireoide, que também podem atrapalhar”, pondera Andrea. Acima dos 35, a gravidez já é considerada de “alto risco”, uma vez que há maiores possibilidades de surgirem síndromes causadas por alterações nos cromossomos, entre outros fatores.

Apesar da correria do dia-a-dia, que a vida profissional tende a proporcionar, a professora enxerga alternativas para conciliar os dois lados. Para isso, a mulher precisa “abrir mão” de algumas questões profissionais e sociais. “Eventos noturnos, finais de semana… Isso tudo vai mudar a rotina do casal, principalmente da mulher”, afirma a professora.

Mas ela não precisa ficar se cobrando por não estar presente o tempo todo na vida do filho. “Se a mulher opta por deixar a criança no berçário, por exemplo, ela precisa ter um tempo para aquela criança à noite, sem se culpar que a deixou no berçário, pois sua profissão exige isso. O mais importante é ter a consciência tranquila em relação ao trabalho, porque se isso faz a mãe feliz, vai ser bom pro filho dela também”, ressalta.

Andrea Moura ainda conclui que, mesmo que a parte profissional possa significar realização e independência à mulher, ela pode deixar algo pra depois que é possível dar certo. No caso da maternidade, não. “Então o ideal é colocar essas vontades na balança”.

Antes de engravidar, a mulher de qualquer faixa etária deve fazer uma avaliação para medir glicemia, pressão, colesterol, etc. E iniciar, três meses antes de interromper a ingestão sistemática da pílula, o uso do ácido fólico, também conhecido como vitamina B9.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência, que apresenta a série Ser Mulher entre os dias 09 e 13 de março de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 94 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.