Conheça o trabalho de vigilância do Observatório em Saúde do Trabalhador
Projeto de extensão da Faculdade é o oitavo a ser abordado na série “Janelas: da Universidade para a comunidade”.
30 de abril de 2020 - Extensão, Saúde do Trabalhador, Saúde Ocupacional, Série Janelas
Promover e defender a saúde dos trabalhadores, bem como dar as coordenadas para as ações de vigilância direcionadas a eles. Estas são as principais missões do Observatório em Saúde do Trabalhador da Faculdade de Medicina da UFMG (Osat). Atento ao trabalho colaborativo, o projeto reúne profissionais da saúde, ativistas e representantes sindicais na mesma roda de diálogo.
O projeto foi criado em 2013, pela parceria entre Faculdade de Medicina da UFMG e a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). Entre as instituições amigas, estão a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), a Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT/MG), o Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança/MG e a Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais.
O “Observatório em Saúde do Trabalhador (Osat)” é o oitavo projeto a ser abordado na série de reportagens “Janelas: da Universidade para a comunidade”. Mensalmente, a série trará exemplos de projetos de pesquisa, ensino e extensão da Faculdade de Medicina que tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento da sociedade.
A serviço dos trabalhadores
O coordenador do Osat e professor titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro, conta que um dos primeiros consensos alcançados pelo projeto foi sobre sua natureza e composição. Ficou decidido que o Observatório teria como espelho o próprio SUS e, por isso, se apoiaria na inclusão de novos olhares, tanto técnicos, quanto sociais. “O OSAT seria um observatório interinstitucional, intersetorial e aberto à sociedade e aos trabalhadores”, afirma.
Por ser um espaço de encontro bastante plural, diferentes ocupações têm a oportunidade de aprimorar saberes. “O que me motivou participar do Osat, foi minha admiração pela saúde coletiva e a necessidade de ações preventivas nos ambientes de trabalho”, explica Antônio Pádua Aguiar, membro desde 2014, metalúrgico e atual representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG) no Conselho Estadual de Saúde. “No Osat, vislumbrei uma oportunidade de aprofundamento de estudos de casos de adoecimentos dos trabalhadores e trabalhadoras”, detalha.
Assim, seja na elaboração de análises ou na promoção de eventos técnico-científicos, todas as iniciativas do observatório surgem da avaliação de diferentes vertentes. É o que concorda José Tarcísio de Castro Filho, colaborador desde 2017, médico do trabalho e coordenador da área na Diretoria de Promoção da Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. “O objetivo central sempre será beneficiar a comunidade de alguma forma ao abordar as condições de saúde do trabalhador como tema comum, aliando capacidades e experiências, inclusive abordando o contraditório”, destaca.
Mar de Lama: em busca de respostas
Quando o assunto são os desastres causados pela mineração, o engajamento do Observatório se intensifica. A fim de motivar a conscientização sobre o tema, foi firmada uma importante parceria entre o Osat e o Projeto Manuelzão, com o apoio da Faculdade de Medicina da UFMG e da própria Universidade Federal de Minas Gerais. O resultado: o livro “Mar de Lama da Samarco na Bacia do Rio Doce – Em Busca de Respostas”, lançado em 2019.
Um dos principais objetivos do livro é fazer um registro histórico do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, e de como isso se repetiu em Brumadinho, para que estas tragédias não se percam na memória coletiva da população.
A ideia para a publicação surgiu do simpósio “Desastre de Trabalho da Samarco na Bacia do Rio Doce: atualizando questões”, um evento organizado pelo OSAT e pelo Projeto Manuelzão em 2016, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Mais adiante, os expositores do simpósio seriam coautores do livro, juntamente a outras referências no assunto.
“Apesar de intensa luta para se evitar novas tragédias envolvendo a mineração, em 25 de janeiro de 2019 ocorre mais um grande golpe: o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho”, conta o coordenador Tarcísio Magalhães. “O livro já estava a caminho da gráfica para sua impressão, mas ainda tivemos tempo de incluir dois novos capítulos alusivos ao ocorrido”, completa.
Confira o livro Mar de Lama em formato digital no site do Projeto Manuelzão
Entre os membros do Osat na lista de autores, está Mário Parreiras de Faria, médico do trabalho, Auditor Fiscal do Trabalho na Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais e integrante do projeto desde seu surgimento. “O livro contou com a colaboração de 35 autores das mais diferentes áreas do conhecimento, fornecendo uma visão multiprofissional deste acidente de trabalho ampliado com repercussões ambientais imensuráveis”, apresenta.
Formando profissionais engajados
Além dos conhecimentos acadêmicos e sua prática, a Universidade permite o contato com outros saberes não menos importantes. São eles a sensibilidade, escuta ativa, tato e outras habilidades que podem ser aprendidas pela vivência e, principalmente, pelo diálogo. Pensando nisso, o Osat também convida os alunos do primeiro ano da residência em Medicina do Trabalho do Hospital das Clínicas da UFMG (HC) para suas atividades.
“No Observatório, fortalecemos nossos elos com instituições que promovem a saúde do trabalhador e que serão nossos aliados no exercício da profissão; também participamos da elaboração de atividades técnico-científicas, quando temos a oportunidade de extrapolar nossa contribuição para a saúde do trabalhador com a construção de conhecimento”, conta Sarah Araújo, residente do HC.
Assim, aliando saberes e experiências de várias realidades, o Osat prospera em seus objetivos. “É um ambiente de grande aprendizado e de trocas enriquecedoras, que têm uma contribuição inestimável para nossa formação e reforçar o papel da Universidade como agente promotor da saúde do trabalhador”, finaliza.
Projeto Janelas: da Universidade para a comunidade veiculará, a cada mês, exemplos de projetos de pesquisa, ensino e extensão da Faculdade de Medicina para mostrar como contribuem para o desenvolvimento da sociedade.
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