Espiritualidade, saúde dos trabalhadores e direito à saúde em oficinas


29 de agosto de 2017


Pesquisa clínica em espiritualidade foi tema de workshop na manhã desta terça-feira, 29 de agosto, na Faculdade de Medicina da UFMG, ministrado pelo professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFJF, Giancarlo Lucchetti.

Professor Giancarlo Lucchetti explica como pesquisar temas relacionados à espiritualidade e saúde. Foto: Carol Morena.

O professor mostrou como fazer pesquisas sobre espiritualidade e saúde no Web of Science, site que reúne base de dados, por exemplo. Ao pesquisar temas como spirituality, religion ou spiritual, aparecem mais de 183 mil estudos sobre o assunto, incluindo áreas como história e exatas. Por isso, é preciso traçar uma ideia sobre saúde e espiritualidade. Ao colocar as palavras health ou medicine [(spiritual* OR religion*) AND (medicine OR Health)], por exemplo, a busca fica mais específica, aparecendo cerca de 19 mil resultados.

Nas pesquisas, é possível classificar os estudos por ano de publicação, países ou territórios e autores. Em 1990, foram 27 pesquisas sobre o tema, número que aumentou para 2.050 em 2016. “A maioria das publicações é relativamente recente, o interesse sobre essa área é recente. Antigamente tinha certo conflito da área de religiosidade e saúde, baseada na psicanálise. Mas, a partir da década de 80, começou a ter um aumento de publicações”, avaliou Giancarlo.

Na busca por território, os Estados Unidos aparem com 9.509 publicações, seguido da Grã-Bretanha, com 1.056. O Brasil ocupa o 5º lugar, com 561 pesquisas sobre o tema. O professor Giancarlo Lucchetti é o 7º pesquisador com maior número de publicações sobre o tema, com 49. A referência na área é Harold G. Koenig, com 203 publicações. Através do relatório de citações é possível olhar quais publicações foram citadas e quantas vezes.

Saúde dos trabalhadores da Saúde

Trabalhadores e pesquisadores debatem intervenções ás condições de trabalho. Foto: Carol Morena

Na oficina Saúde dos Trabalhadores da Saúde, coordenada pela professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Ada Ávila, foram apresentados os resultados do “Relatório Técnico: barreiras e facilitadores na implantação da Política Nacional da Promoção da Saúde dos Trabalhadores do SUS”, organizado pela professora em parceria com outros pesquisadores.

As conclusões são decorrentes do curso de atualização para os profissionais da saúde Cegest, realizado pela UFMG em parceria com a Secretaria de Gestão e  Regulação do Trabalho em Saúde, do Ministério da Saúde, que tem como objetivo embasar a construção dos problemas enfrentados por trabalhadores.

Assim, o curso exigiu dos participantes a elaboração de projetos de intervenção sobre a gestão e as condições de trabalho dos trabalhadores da área da Saúde. A professora Ada, que coordenou o estudo, destaca o fato de que mais de 30% dos projetos elaborados na formação foram implantados, apesar de desafios identificados como as mudanças de gestores e o desinteresse de colegas de trabalho.

“O trabalho realizado pela UFMG nos empoderou para conhecer a política pública para os trabalhadores”, comentou a representante da mesa de negociação do SUS em Belo Horizonte, Ilda Aparecida, que foi uma das participantes das discussões realizadas no período da tarde.

Outro representante dos trabalhadores no debate, Roges Santos, indagou sobre quem cuida da saúde dos trabalhadores. “Essa é a pergunta que temos que fazer. Estamos esquecendo de nós mesmos, por causa da desumanização do trabalho”, concluiu o congressista.

Tambores em promoção da saúde

Grupo Quilombo. Foto: Carol Morena

A oficina “Espaço de mobilização e defesa do direito á saúde e as cidades: região sudeste”, promoveu, com o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), discussão para a implementação de projetos de pesquisa e intervenção que subsidiem ações de promoção de saúde. Segundo a professora Elza Melo, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG (MPS) e coordenadora do evento, a oficina é um pontapé para a mobilização de grupos instrucionais.

O evento contou com intervenção promovida pelo grupo de tambores Quilombo, que interpretou músicas de origem quilombola e reproduziu outras canções populares, como a atual ‘trem bala’, de Ana Vilela. A professora coordenadora da oficina convidou os presentes a se levantarem e formarem uma roda junto aos tambores, acompanhando com palmas.

Ao fim da apresentação do grupo, Elza fez um pedido especial: “vamos juntar os tambores para lutar contra a violência”, citando o trabalho feito com Mauricio Tizumba junto ao projeto Para Elas, que fez apresentação na abertura do Congresso ontem, 28 de agosto.

Congresso Nacional de Saúde
A programação da 4ª edição do Congresso reúne mais de 10 mesas-redondas, workshops e oficinas em torno do tema “Promoção da Saúde: Interfaces, Impasses e Perspectivas”, além de três simpósios internacionais nas áreas de prática e ensino de Saúde.

O Congresso Nacional de Saúde vai até 30 de agosto de 2017, com atividades pela manhã e à tarde, divididas em três eixos temáticos e um eixo transversal. O evento conta ainda com atividades culturais, com exposições, apresentações, lançamentos de livros e intervenções durante toda a programação, que integra ainda a programação das comemorações dos 90 anos da UFMG, celebrados em 2017.

A Secretaria executiva do 4º Congresso Nacional da Saúde atende na sala 5, no térreo  da Unidade.

Confira a programação completa na página do Congresso Nacional de Saúde.

Mais informações: 3409 8053, ou ainda pelo e-mail 4congresso@medicina.ufmg.br

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