Live aborda presença da tuberculose na trajetória da humanidade

Convidada do CLM, a pneumologista e pesquisadora clínica da Fiocruz-RJ, Margareth Dalcolmo, conta um pouco das narrativas sobre a tuberculose criadas pelo homem: algumas de romance, outras de horror.


13 de agosto de 2020 - , ,


Chefe do Departamento de Clínica Médica, a professora Valéria Augusto conduziu o evento. Imagem: Captura de tela durante a conferência. Confira a íntegra abaixo.

A tuberculose acompanha a humanidade há milênios. Entretanto, demoraram muitos anos até que ela começasse a ser desvendada pela ciência e saísse das sombras. Esta trajetória de mistério e descobertas foi tema da última “Webconferência do Saber”A tísica na história do homem – Os pulmões ardentes na Medicina, realizada em 13 de agosto, às 14h30, no canal do YouTube da Faculdade de Medicina da UFMG.

A Webconferência do Saber: A tísica na história do homem – Os pulmões ardentes na Medicina é a segunda edição da série de lives promovidas pela Faculdade de Medicina com expoentes da saúde, onde os 12 departamentos da Instituição discutirão os temas mais atuais de suas áreas.

A palestra contou com a apresentação da pneumologista e pesquisadora clínica da Fiocruz-RJ, Margareth Dalcolmo. Para mediar a conversa, a Webconferência contou com a moderação da Professora Valéria Maria Augusto, chefe do Departamento de Clínica Médica da Faculdade.

Confira a íntegra:

A febre dos corpos

Peste branca, dama branca, velha senhora ou fraqueza do peito. No passado, estes foram os nomes da tuberculose, doença que já foi sinônimo de morte ou debilidade para toda vida. Para Margareth Dalcolmo, as dúvidas sobre esta enfermidade povoavam o imaginário social, em que “a febre dos corpos se confundia com o fogo das paixões e a exacerbação dos desejos, e as aventuras amorosas intensas eram [consideradas] produto da tísica”.

Assim, ao longo da palestra, Dalcolmo revela a enfermidade como inspiração por trás do sofrimento de heroínas românticas e de tristes relatos nos sanatórios de tratamento da doença. Hoje, seu agente causador e sua cura já são objetos de pesquisas avançadas, e a palestrante convidada resume seu atual significado: “Doença urbana, benigna, diagnosticável e curável virtualmente, em sua vasta maioria”.

A tuberculose hoje

Ao final da apresentação, a pesquisadora questiona e confirma a permanência da tuberculose entre os homens. “Tão antiga quanto a humanidade, é de se pensar o qual iníquo é ainda haver quase 10 milhões de casos de tuberculose no mundo, mais de 70 mil no Brasil e 4500 mortes de brasileiros a cada ano”, pontua Dalcolmo.

“É iníquo, sem retórica, sua permanência nesse porte entre nós”

Quando questionada sobre “qual mensagem deixada pela doença”, Margareth Dalcolmo amplia a indagação: Se a tuberculose tem possibilidade de cura em quase 100% dos casos, por que tantas pessoas ainda morrem vítimas dela? Por fim, a pesquisadora responde: “A mensagem que a tuberculose deixa, é uma mensagem do acesso de justiça social”, defende. “A tuberculose deixa uma mensagem de estímulo para que nós, pesquisadores, continuemos a buscar um tratamento para essa doença”, finaliza.

Conferencista
A professora Margareth Pretti Dalcolmo tem especialização em Pneumologia Sanitária pela Fiocruz e doutorado em Medicina (Pneumologia) pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo. Entre suas ações, possui experiência em conduzir e participar de protocolos de pesquisa clínica e tratamento da tuberculose e outras micobacterioses. 

Ela foi criadora e coordenadora do ambulatório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), da Fiocruz, que dirigiu entre 2009 e 2012. Atualmente é professora da PUC-Rio, além de pesquisadora do CRPHF.


Confira a série de lives:
Webconferências do Saber #1: Medicina na Contemporaneidade