A janela e a cidade – Clínica Contra Segregação

 

A adolescência é marcada pela metamorfose, pela invasão do corpo pela puberdade. A imagem do corpo muda à revelia do sujeito, a linguagem trazida da infância não responde ao furo no saber provocado pela emergência do real sexual. Sem referências universais disponíveis na cultura, o púbere inventa sua própria resposta, a adolescência. Desde a criação desse conceito, observa-se a vontade de controlar os jovens. As políticas públicas voltadas para a juventude habitualmente exigem adesão mas não consideram a singularidade e não estabelecem uma interlocução viva com o adolescente, a família e o território. O dispositivo Janela da Escuta, alojado na Universidade e orientado pela psicanálise lacaniana, propõe um acolhimento do jovem e de quem o acompanha e, a partir do acolhimento, um trabalho de construção do caso, articulando a família, o território e as políticas públicas. A oferta de um lugar de saúde e arte surpreende os jovens, marcados pelo fracasso no que tange à adesão e adequação às normas e protocolos, e também surpreende os profissionais, convidados a ouvir o jovem e a si mesmos, nessa Janela da Escuta. Daniel Roy, na Jornada Jovens.com, ao comentar o relatório do Núcleo de Investigação e Pesquisa em Psicanálise e Medicina (Cunha, 2016), ressaltou que o nome do laboratório, Janela da Escuta, já causa um efeito de enigma e surpresa. Instaurar o enigma onde havia a certeza sobre o destino de um jovem pode abrir uma outra trajetória para este, menos mortífera e mais surpreendente.

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