Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo promove sua segunda roda de conversa

Ação será realizada dia 13 de dezembro e terá como tema “Vozes e corpos que se afirmam”.


10 de dezembro de 2021 - ,


A Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER) da Faculdade de Medicina da UFMG promove roda de conversa com o tema “Vozes e corpos que se afirmam”, no dia 13 de dezembro, das 19h às 21h. A atividade ocorre dentro das atividades do Novembro Negro da UFMG.

O objetivo da ação é promover diálogos e reflexões como uma forma de enfrentamento do racismo estrutural, a partir das perspectivas dos corpos negros na Faculdade de Medicina da UFMG. O encontro será realizado via plataforma Zoom. O link será enviado 30 minutos antes do início das atividades para o e-mail dos inscritos.

Clique aqui e inscreva-se

O evento conta com a participação de Marina Nascimento e Tiago Pereira. Marina é aluna do sexto período do curso de Medicina da UFMG, coordenadora da CPER, cofundadora do Grupo de Estudo de Negritude e Interseccionalidades (GENI). Já Tiago Pereira é fonoaudiólogo, docente do curso de Fonoaudiologia da Universidade Vila Velha, doutorando e mestre em Ciências Fonoaudiológicas pela UFMG e pós-graduado pela Fonohosp/Uniandrade e pela PUC Minas. Os mediadores da mesa serão Eleciania Tavares da Cruz e Ualisson Nogueira, membros da CPER e da Associação de Pós-Graduandos da UFMG (APG-UFMG).

Eleciania explica que o evento surge dentro de uma perspecitva da CPER dialogar com as ações do Novembro Negro da UFMG e e promover reflexões de como os corpos negros são recebidos e percebidos dentro do Campus Saúde. “Na maioria das vezes são corpos invisibilizados, vozes silenciadas no ambiente acadêmico devido ao racismo estrutural e institucional. Isso é resultado de um processo histórico da escravização da população negra. Na área da saúde não é diferente”, observa a mediadora do evento, que é licenciada em Geografia e mestra em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência pela Faculdade de Medicina da UFMG.

“Queremos ampliar os debates com a comunidade acadêmica e com a sociedade civil. Todos poderão manifestar suas falas durante a roda. É uma forma de construir, juntos, novas perspectivas de sociedade. O apoio da Faculdade de Medicina reafirma o comprometimento da instituição com a superação desse mal que assola o país”, completa.

Essa é a segunda roda de conversa promovida pela CPER. Em julho, a Comissão realizou a “Roda de conversas trajetórias negras e indígenas: relatos de vivências”. O evento promoveu relatos anônimos de racismo, tanto da comunidade acadêmica, quanto de usuários dos serviços de saúde em Belo Horizonte, funcionando como um primeiro momento de reflexões antes do seminário Interfaces do Racismo.

Ela lembra que recentemente, como resultado do trabalho da CPER, a Faculdade passou a disponibilizar toucas para cabelos volumosos. “Mesmo com essa vitória, ainda nos deparamos com muitos desafios para serem enfrentados pelos corpos e vozes negras, no campo da saúde para toda população negra. Tais desafios estão na nossa instituição de ensino para o(a)s discentes, o(a)s docentes, trabalhadores em geral, como para a sociedade externa como um todo. Desafios esses que vão desde a entrada, ocupação, percepção e permanência desses corpos dentro de estruturas marcadas pelas desigualdades resultantes do processo de mais de trezentos anos de escravização, até ao acesso e à assistência aos serviços de saúde, pela comunidade em geral”, pontua Eleciania.

“Ações como essas rodas e o funcionamento efetivo de comissões, como a CPER, reafirmam o compromisso da Universidade com o enfrentamento e superação dessa violência que é o racismo e despontam como esperanças do enfrentamento do racismo estrutural e institucional no espaço acadêmico.”

CPER

A Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo iniciou seu trabalho em julho de 2020. A comissão é composta por estudantes negras e negros do GENI, estudantes indígenas, técnicos administrativos da Faculdade de Medicina, professores dos cursos da Faculdade de Medicina e representação estudantil, por meio dos Diretórios Acadêmicos.

O objetivo da CPER é propor e acompanhar a aplicação de políticas e estratégias de combate ao racismo na instituição, a fim de garantir o compromisso histórico com a universidade pública, gratuita, inclusiva, de qualidade e diversa. Foram estabelecidos seis eixos iniciais de trabalho:

– Sensibilização da comunidade acadêmica sobre o racismo;

– Ações afirmativas e acesso à universidade;

– Planos de ensino e práticas de ensino;

– Permanência e bem-estar estudantil;

– Articulação institucional transversal com objetivo de combate ao racismo;

– Divulgação de conhecimentos sobre saúde, elaborados pela população negra e pelos povos indígenas.

Conheça mais sobre o trabalho que vem sendo realizado pela CPER: