Ensino médico e sessões anatomoclínicas são temas de live

Edição da série Webconferência do Saber recebe professores e médico para debate sobre ensino-aprendizagem


18 de setembro de 2020 - , , , , , ,


A Faculdade de Medicina da UFMG promove, no dia 23 de setembro, evento online e ao vivo com tema “O ensino-aprendizado na formação médica usando as SAC na visão do patologista e do clínico”. O debate terá início 14h30 e será transmitido pelo canal da Faculdade no Youtube.

Participarão o professor do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal (APM) Geraldo Brasileiro Filho e o professor Emérito da UFMG, Luiz Otávio Savassi Rocha, além do médico plantonista na UPA Oeste, Jesus Faria Rosa Júnior. A moderação será do professor e chefe do APM, Eduardo Paulino Júnior.

A Webconferência do Saber – “O ensino-aprendizado na formação médica usando as SAC na visão do patologista e do clínico” é a quinta edição da série de lives promovidas pela Faculdade de Medicina com expoentes da saúde, onde os 12 departamentos da Instituição discutirão os temas mais atuais de suas áreas.

Serão abordados temas didádicos e pedagógicos do ensino médico, com foco na história e valor das sessões anatomoclínicas (SAC), o ensino baseado em problemas, entre outros temas. 

Sessões anatomoclínicas 

O formato das SAC foi criado em 1910 pelo médico norte-americano Richard Clarke Cabot, como explica Eduardo Paulino. “Nessas reuniões, os dados clínicos (história, exame físico e exames laboratoriais) dos pacientes são discutidos antes da apresentação dos achados macroscópicos e microscópicos da necrópsia. E o patologista ou o clínico assistente são responsáveis pela discussão e correlação entre os achados clínicos e patológicos, culminando com a epícrise, ou  a conclusão final do caso”.

Esse tipo de atividade faz uma integração de áreas básicas (como anatomia, anatomia patológica, fisiologia) com a semiologia, clínica e métodos de imagem. “Muitas vezes a gente pensa que o paciente morre de uma coisa, mas foi de outra. Então fazemos comparação da autópsia com o que havíamos encontrado em vida, os dados clínicos”, explica o professor Luiz Otávio Savassi. 

As SAC foram introduzidas em Minas Gerais pelo professor Emérito da UFMG, Luigi Bogliolo, em 1944, quando veio à Faculdade de Medicina à convite do conterrâneo italiano, Alfredo Balena, então diretor da unidade. “Depois os assistentes seguiram. Assumi a coordenação em 1995, há 25 anos, e já fizemos 169 sessões desde então”, conta Savassi.  

As sessões foram interrompidas em março, devido às medidas de distanciamento social impostas em resposta à pandemia de covid-19. Os eventos, que reuniam de 30 a mais de 120 pessoas, discutiam casos principalmente do Hospital das Clínicas, mas também do Risoleta Neves e outros hospitais de Belo Horizonte.

“Elas mostram como a Medicina é difícil, como se tem que estudar muito, já que tem casos que parece mas não é, enquanto outro é, mas não parece” 

Para o professor Eduardo Paulino, “quando patologistas e clínicos se reúnem para interpretar em conjunto os dados da necrópsia e os dados clínicos, o exercício da correlação clinicopatológica proporciona aprendizado não só aos médicos assistentes, mas também aos médicos residentes e alunos de graduação, que terão a oportunidade de discutir os casos de forma sistemática e completa”.

Embora a necropsia seja reconhecida como instrumento padrão-ouro no aprimoramento diagnóstico e na aferição da qualidade da assistência médica prestada à população, sua prática encontra-se em declínio ao redor do mundo. “No momento em que o mundo enfrenta uma pandemia sem precedentes, a necropsia torna a ocupar o seu lugar de destaque. A coleta de amostra de tecidos das vítimas da COVID-19 tem se mostrado imprescindível para o reconhecimento dos mecanismos pelos quais o vírus produz as lesões, a identificação dos órgãos acometidos e os padrões das lesões, possibilitando maior conhecimento sobre a biologia da doença, necessário para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes”, informa Eduardo.

Conferencistas

Professor Emérito de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Luiz Otávio Savassi Rocha é autor dos livros “Vida e Obra de Luigi Bogliolo” (Fundação Cultural de Belo Horizonte, 1992) e “Sessões Anatomoclínicas: valor pedagógico lato sensu” (COOPMED, 2010). Ele é membro do Comitê de Publicação do periódico on-line Autopsy and Case Reports, editado trimestralmente pelo Hospital Universitário da USP; membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia; e membro Honorário da Academia Mineira de Medicina.

Geraldo Brasileiro Filho é professor Titular do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal da Faculdade de Medicina. Atua como coordenador do Fórum de Ensino de Patologia da Sociedade Brasileira de Patologia e é editor do livro Bogliolo Patologia.

Já Jesus Faria Rosa Júnior é graduado em Medicina pela UFMG em 2020. Médico plantonista na UPA Oeste, fez iniciação científica em Patologia e foi monitor de Anatomia Patológica, Citologia e Histologia no APM. 

Relembre como foram os eventos anteriores: 


Atualizada em 21 de setembro