É possível atravessar a pandemia com saúde mental?

Programa de rádio “Saúde com Ciência” aborda esse cuidado durante a quarentena


20 de abril de 2020 - , , , ,


“São tempos de ansiedade”, afirma a psiquiatra e professora do Departamento de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, Tatiana Mourão. Tanto é verdade, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou guia de saúde mental durante a pandemia. Apesar de ser natural que surjam sentimentos menos positivos neste momento, como estresse e ansiedade, especialistas afirmam que existe um limite entre a negação do real e o pânico.  

“É um momento difícil, é um momento que não estar ansioso e dizer que está tudo ótimo seria uma perda do juízo de realidade”,

analisa Tatiana Mourão.

Segundo a especialista, diante a necessidade de isolamento social alguns sintomas podem aparecer, como a própria ansiedade, tristeza e sensação de solidão. “Nosso cérebro e comportamentos foram feitos para conviver em grupo, somos essencialmente animais sociais, precisamos desse contato”, explica.

Para a psicóloga do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG (Napem), Michelle Ralil, de certa forma, toda a população afetada vai sofrer tensões e angustias em maior ou menor grau.

“Mas isso não significa que serão acometidas por um transtorno psíquico. Isso vai depender do tempo que se prolonga, intensidade do sofrimento, considerando a características das pessoas e do comprometimento significativo do funcionamento social e cotidiano”, pondera.

Por isso, o ideal seria manter um nível razoável, isto é, com uma preocupação natural que leva a cuidar de si e dos outros, mas sem ficar em pânico. “As duas formas são prejudiciais, o pânico pode paralisar e a negação pode colocar todos a volta em risco ao descumprir as orientações e cuidados, por exemplo”, explica a psicóloga e presidente da Comissão de Ética do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Rita Almeida.

Como amenizar os impactos?

CUIDE DE VOCÊ. Essa é uma das dicas que constam no guia da OMS. Para a professora do Departamento de Saúde Mental, Tatiana Mourão, uma das maneiras de cuidar de si é tentar criar uma rotina mas dentro do normal possível. “Acordar nas mesmas horas, ter cuidados pessoais com a higiene  e entrar em contato com outras pessoas através de recursos como o telefone. Não ficar apenas nas mensagens de Whastapp”, aconselha.

REDUZA A LEITURA OU CONTATO COM NOTÍCIAS. Para a OMS, esse também é um tópico importante para os cuidados com a saúde mental. A professora Tatiana Mourão explica que é importante se manter informado, mas sem deixar a rotina de lado. Para ela, as fake news são os principais problemas.

“O problema não é o excesso de informação, o problema são as informações deturpadas, as fake news ou orientações que não são as mesmas passadas pela OMS. Mas é importante marcar um tempo para a informação e não acreditar em todo áudio e vídeo que circula na rede”, reforça.

APROVEITE PARA RELAXAR. Incluir tempos para o lazer no planejamento ajuda a reduzir sentimentos de culpa, principalmente para quem está em home office. “ É preciso estabelecer tempos de pausas, respeitar os próprios limites e traçar um cronograma flexível para os novos hábitos”, frisa a psicóloga do Napem, Michelle Ralil.

Alunos da Medicina e Enfermagem da UFMG criaram uma força tarefa para respondem perguntas da população sobre o novo coronavírus, que podem ser encaminhadas para o email cetesenfrentamento@medicina.ufmg.br ou no site www. tecnologia.medicina.ufmg.br/cetesatendimento.

O que mais traz o guia da OMS?

CRIANÇAS. “Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades”, orienta o guia da OMS. Para isso, a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Priscila Menezes, criou um livreto “Aprendendo com a Pediatria” para ensinar as crianças sobre a atual pandemia causada pelo novo coronavírus. Saiba mais.

IDOSOS. “Especialmente os idosos em isolamento social e aqueles com problemas cognitivos como demência podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde”, recomenda o guia.

TRABALHADORES DA SAÚDE. “Para os trabalhadores desse setor que sentem a pressão de lidar com a situação, este é um quadro típico para você e muitos de seus colegas. É normal se sentir assim por causa do entorno da pandemia”, informa o material da Organização Mundial de Saúde.

A Faculdade de Medicina da UFMG e parceiros, criou a rede de cuidados “TelePAN Saúde Medicina/UFMG” para atendimento online e gratuito em saúde mental aos profissionais que estão na linha de frente contra o novo coronavírus. Saiba mais.

Confira o guia completo da OMS aqui

Saúde com Ciência

O programa aborda cuidados com a saúde mental durante a quarentena. Confira a programação:

-> Segunda-feira: Entre o pânico e a negação do real
-> Terça-feira: como lidar com o isolamento social
-> Quarta-feira: home office
-> Quinta feira: terapia online
-> Sexta-feira: TelePAN Saúde

Sobre o Programa de Rádio

O   Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.