Medicina Preventiva e Social discute “uberização” do trabalho em live
Sétima edição das Webconferências do Saber tratou de impactos na saúde causados pela transformação do trabalho pela tecnologia.
22 de outubro de 2020 - Medicina do Trabalho, MPS, trabalho, uberização, Webconferências do Saber

Os impactos do chamado neotrabalho, que incluem mudanças econômicas promovidas pelas tecnologias e instituições, foi tema de conferência realizada em 21 de outubro, às 14h30. No evento, a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) da Faculdade de Medicina da UFMG, Ada Ávila Assunção, discutiu o efeito conhecido como “uberização” do trabalho.
A Webconferência do Saber: Mutações do trabalho: desafios para a saúde pública no século XXI é a sétima edição da série de lives promovidas pela Faculdade de Medicina com expoentes da saúde, onde os 12 departamentos da Instituição discutirão os temas mais atuais de suas áreas.
A moderação do evento foi feita pelo chefe do MPS, professor Raphael Augusto Teixeira de Aguiar. O evento foi transmitido ao vivo no canal da Faculdade no YouTube.
Confira a íntegra:
Efeitos do enxugamento organizacional na saúde dos empregados
Ada, que também é coordenadora do Núcleo de Estudos Saúde e Trabalho (Nest) da UFMG, apresentou efeitos da lógica organizacional moderna que impactam trabalhadores. “A mesma lógica que abala a condição salarial piora as condições de trabalho para aqueles que ainda estão com seus empregos garantidos” afirmou a professora.
De acordo com ela, as mudanças adotadas no final do século XX para a diminuição do custo de produção, como a redução da mão de obra ─ acarretando aumento da carga de trabalho ─ e o aumento do aproveitamento do tempo dos trabalhadores, como nos casos de horas-extra e bancos de horas, causam impactos na saúde dos empregados. Dentre os efeitos, Ada lista o aumento da ansiedade, da depressão e da síndrome de burnout; perturbações no sono; doença isquêmica do coração e o aumento do absenteísmo por parte dos funcionários.
Impactos da plataformização do trabalho

Ao falar sobre os impactos à saúde dos trabalhadores autônomos, como aqueles ligados a aplicativos e o meio digital, Ada lista efeitos como distúrbios musculoesqueléticos associados a tarefas repetitivas, como a digitação, e o sofrimento mental decorrente da exposição a incoerências observadas ao lidar com sistemas informatizados e a lógica humana das relações com clientes.
“Sabemos que esses trabalhadores estão vivendo riscos, que já foram apresentados e medidos, como a fadiga, a pressão para a produção ou para violar regras de trânsito, pouco treinamento sobre saúde e segurança”, prosseguiu Ada durante a apresentação.
Citando o artigo The health and safety risks for people who work in the gig economy, publicado na revista The Journal of Travel & Health, a professora menciona aspectos da vida dos trabalhadores de aplicativos, como o fato de que muitos afirmaram, em entrevista, correr riscos rotineiros com acidentes de trânsito.
Conferencista
A professora Ada coordena o Nest, com projetos investigativos baseados em conceitos e métodos que orientam abordagens compreensivas de morbidades em grupos ocupacionais específicos. Nos últimos anos, desenvolve pesquisas sobre saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, da educação básica, do transporte coletivo urbano e do judiciário.
Ela também elabora instrumentos e ferramentas para apoiar políticas de recursos humanos em saúde no âmbito do Ministério da Saúde. Colabora com instituições públicas e organizações de trabalhadores em formações e construção de metodologias de intervenção em ambientes laborais.
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